O Brasil continua sendo o paraíso para as montadoras, que voltaram a ser este ano o setor que mais envia lucros às suas matrizes no exterior

Segundo dados do Banco Central divulgados na sexta-feira, 25, de janeiro a setembro, as remessas dos fabricantes de veículos somaram US$ 2,57 bilhões. O valor está 87% acima dos US$ 1,37 bilhão enviado no mesmo período de 2012 e já supera o total do ano passado inteiro (US$ 2,44 bilhões).

Esta remessa do setor automotivo representa sozinha 15,7% dos pagamentos de dividendos ao exterior feitos por todos os setores. O aumento expressivo das remessas de lucros das montadoras acontece mesmo em um momento de pequena desaceleração do mercado brasileiro de veículos, com retração de 0,3% nas vendas de janeiro a setembro em relação ao mesmo intervalo do ano passado.

As montadoras também conseguiram de alguma forma elevar o pagamento de dividendos em moeda estrangeira, apesar da alta em torno de 25% do dólar em relação ao real desde o início de 2012, o que exige faturar mais em reais para pagar uma mesma quantia em dólares.

Em 2011, quando o dólar fechou o ano cotado perto de R$ 1,90, as montadoras remeteram em lucros às matrizes o recorde de US$ 5,6 bilhões. No ano seguinte esse montante caiu para menos da metade, US$ 2,44 bilhões, mas ainda assim o setor continuou entre os maiores pagadores de dividendos externos, na segunda posição.

Agora, mesmo com o ambiente econômico mais adverso para essa operação do que esteve em 2011 e 2012, com vendas estagnadas e dólar em alta acima de R$ 2,20, os fabricantes de veículos voltam a liderar o ranking dos pagamentos de lucros e caminham para fechar 2013 com remessas em torno de US$ 3 bilhões.

Já os investimentos…
Embora as remessas de lucros estejam aumentando, os investimentos estrangeiros diretos (IED) das matrizes das montadoras no Brasil não avançam na mesma proporção.

De janeiro a setembro deste ano, as montadoras injetaram US$ 1,3 bilhão em IED em suas subsidiárias no Brasil. O valor é 58% maior do que os US$ 823 milhões registrados no mesmo período de 2012, mas o setor fica na nona posição e representa só 3,8% do total de IED captado pelo País nos primeiros nove meses deste ano.

Tudo com a ajuda do governo
Vale registrar ainda que são as montadoras o principal setor beneficiado pela política de isenções e incentivos fiscais do governo federal.

Segundo a Secretaria da Receita Federal somente em 2012, com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para as montadoras, o país deixou de arrecadar R$ 2,85 bilhões. Este ano, a renúncia já passou de R$ 2 bilhões.

Ou seja, é dinheiro público que sai direto do país para encher os cofres das matrizes no exterior.

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