Nova forma de suspensão temporária nos contratos de trabalho é negociada pela CUT

Montadoras e sindicalistas da CUT negociam com o governo Dilma (PT) uma nova forma de suspensão temporária dos contratos de trabalho no país

As montadoras de veículos, em todo o país, iniciaram um processo de demissão que já colocou na rua milhares de trabalhadores. Outros milhares estão em regime de layoff , uma espécie de pré-demissão. Depois de anos anunciando recordes de produção e vendas e, portanto recordes de lucro, diante das primeiras dificuldades de mercado, o trabalhador é sacrificado sem dó nem piedade por estas multinacionais.



Grande parte deste crescimento nas vendas e nos lucros foi garantida por uma ajuda nada pequena do governo federal. Nos anos de governo do PT (Lula e Dilma), o volume de recursos públicos sacrificados para ajudar as montadoras a vender o seu produto, através da redução do IPI e outros subsídios e isenções fiscais, chegou a R$ 15 bilhões. Não estão incluídos aí os bilhões em financiamento com juros de “pai para filhos” concedidos pelo BNDES a estas empresas.



Agora, ante o vislumbre da crise do mercado de carros, mais uma vez as empresas recorrem ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (que há anos deixou de ser representação dos trabalhadores para se transformar em uma extensão da diretoria de relações industriais da empresa), para juntos pedir mais apoio do governo. Leia-se mais recursos públicos para estas multinacionais.



Já seria um absurdo por si só esta lógica: a de um capitalismo que quando tem lucro, enriquece os donos das fábricas e, quando ameaça dar prejuízo, o governo repassa dinheiro do povo para garantir o lucro de qualquer forma. Um despropósito completo. Mas há outro detalhe que torna esta história ainda mais sórdida.



O Sindicato e as empresas pedem ao governo recursos para pagar os salários dos trabalhadores por cinco meses (um layoff  extenso). Ora, qualquer analista minimamente informado sabe que a tendência do mercado de veículos não é sofrer mudanças neste período. Neste sentido, o problema seguiria colocado depois destes cinco meses. Mas aí, as eleições de outubro já teriam passado e as demissões em massa de trabalhadores não trariam mais prejuízos eleitorais à candidata do PT.



Se não é essa a intenção do Sindicato, então por que o sindicato não cobra simplesmente do governo que, depois de destinar tantos bilhões em recursos públicos para estas empresas, baixe uma medida provisória proibindo demissões nas empresas que receberam subsídios federais nos últimos anos? Vejam que as empresas receberam estes subsídios até dezembro passado!



O governo da presidenta Dilma precisa definir claramente sua posição neste processo. Até agora, tem sido um governo extremamente prestativo toda vez que é necessário atender a algum interesse destas empresas. Pois agora é preciso proteger os empregos dos trabalhadores. Dar dinheiro para estas empresas (como quer o sindicato do ABC) não protege emprego de ninguém, como vemos neste momento. Proteger empregos é proibir demissão. O governo tem nas mãos instrumentos políticos e jurídicos para tal. Vamos ver se tem vontade política de fazê-lo.

Post author