Nos dias em que o mundo assistia ao agravamento da crise econômica e financeira que pode jogar o planeta numa nova depressão, trabalhadores e estudantes de diversos países davam sua resposta nas ruas. Foi a jornada antiimperialista de luta promovido pelo Elac, o Encontro Latino-Americano dos Trabalhadores, realizado nos dias 7 e 8 de julho em Betim (MG).

As mobilizações ocorreram entre os dias 12 e 18 de outubro e foram um grande avanço na luta contra o imperialismo no continente. Aos eixos principais definidos pelo Elac, como a luta contra a ocupação no Haiti e a solidariedade ao povo boliviano, foram incorporadas as questões da crise econômica e das lutas específicas dos setores mobilizados. Acompanhe como foram algumas atividades da semana no Brasil e nos demais países.

Em frente à Bovespa, trabalhadores avisam que não vão pagar pela crise

Luciana Candido, da redação

No dia 17, aproximadamente 300 pessoas se reuniram em frente à Bolsa de Valores de São Paulo para deixar claro aos banqueiros e ao governo que os trabalhadores não vão pagar pela atual crise.

Em frente ao coração do sistema financeiro brasileiro estavam presentes a Conlutas, a Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (Conlute), o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e o PSTU. Também fizeram parte da manifestação a Oposição Alternativa da Apeoesp, representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, bancários em greve, entre outros.

Ato e paralisação em São José dos Campos (SP)
Na maior cidade do Vale do Paraíba, a semana foi marcada por atos e paralisações. Na GM, metalúrgicos paralisaram a produção por uma hora entre os dias 16 e 17, contra as férias coletivas anunciadas pela montadora. Os trabalhadores aprovaram estado de mobilização permanente e reivindicaram estabilidade no emprego. Ao todo, cinco mil metalúrgicos cruzaram os braços.

No dia 16 ocorreu ainda um protesto em frente ao Carrefour, contra a inflação e o custo de vida. Após o ato, os cerca de 150 manifestantes seguiram em passeata até o hospital municipal, onde protestaram contra o sucateamento e a terceirização dos serviços públicos. Participaram integrantes da Conlutas, Intersindical, MST, Via Campesina, CMP, Must, PSTU, PSOL, Associação de Ajuda Mútua e Solidariedade dos Trabalhadores da Construção Civil, e vários sindicatos da região.

Trabalhadores e estudantes tomam as ruas do Rio

Raphael Botelho, do Rio de Janeiro

No dia 16, estudantes e trabalhadores se encontraram na Candelária, no centro do Rio, para a manifestação convocada pelo Elac. Centenas de manifestantes exigiram que os ricos paguem pela crise. A juventude esteve à frente da mobilização, organizada pelos DCEs da UFRJ e da UERJ, por grêmios estudantis e pela Conlutas. Contou também com a presença do MST e de diversos setores, como bancários e servidores da Justiça estadual, categorias em greve.

Pela manhã houve o ato “Mulheres na Luta por Soberania Alimentar”, puxado pelas mulheres do MST e com participação do GT de Mulheres da Conlutas. Cerca de 200 pessoas, entre professores, sem-terra, sem-teto e estudantes fizeram um protesto em frente a uma filial da rede de supermercados Sendas, denunciando a alta dos preços dos alimentos. Após um dia inteiro de mobilizações, inclusive em frente ao consulado dos EUA, o dia terminou nas escadarias da Assembléia Legislativa.

Manifestação em Porto Alegre é duramente reprimida

Altemir Cozer, de Porto Alegre

O dia 16 em Porto Alegre reuniu diversas mobilizações. A já tradicional Marcha dos Sem, que acontece anualmente na capital gaúcha, teve sua 13º edição, denunciando a criminalização dos movimentos sociais e a crise dos alimentos.

Na parte da manhã, aconteceu um seminário sobre a crise dos alimentos. Houve também uma passeata da Via Campesina junto com outros setores urbanos. O protesto pela soberania alimentar foi até o estacionamento de uma das lojas da rede de supermercados norte-americana Wal Mart. Um piquete dos bancários no prédio central do Banrisul foi atacado por uma forte repressão policial. Vários trabalhadores em greve ficaram feridos.

À tarde, uma manifestação reunindo cerca de 3 mil pessoas, impulsionada pela Via Campesina, pelo Cpers-Sindicato (entidade dos professores estaduais) pela Conlutas, entre outras entidades, foi uma das maiores dos últimos tempos em Porto Alegre. No entanto, ao chegarem próximo ao Palácio Piratini, os manifestantes sofreram brutal repressão da tropa de choque, que deixou dez feridos graves.

Mobilizações agitam Minas Gerais

Emmanuel de Oliveira, de Belo Horizonte

A semana antiimperialista em Minas começou no dia 15 nas cidades de Paraisópolis, Várzea da Palma e Pirapora. Combinando com as campanhas salariais metalúrgicas, houve atraso dos trabalhadores nas fábricas. No dia 16 foi a vez de Itajubá, onde também ocorreu atraso dos operários.

No dia 17, na cidade de Contagem, o maior pólo industrial metalúrgico do estado, logo cedo na portaria da Valourec & Mannesmann houve um ato com carro de som, exposição de fotos da ocupação militar do Haiti e distribuição do boletim da Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas sobre a semana antiimperialista.

Ao meio-dia, no centro de Belo Horizonte, as várias entidades que convocaram a manifestação começaram a chegar em passeata: MST, ocupação Camilo Torres, do bairro Barreiro, movimento de mulheres, entre outras. Somaram-se às demais entidades como Conlutas, Intersindical e Consulta Popular e aos partidos PSTU e PSOL. Os manifestantes saíram em passeata pelas ruas do centro da capital gritando palavras de ordem.

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