Após dois meses de intensos protestos da juventude e dos trabalhadores na França, o presidente Jacques Chirac anunciou o fim do Contrato do Primeiro Emprego (CPE), que deverá ser substituído na lei por um outro projeto “a favor da inserção profissional dos jovens com dificuldades”, segundo afirmou Chirac. A nova proposta que altera a lei será apresentada ao Parlamento francês ainda nesta semana.

O próprio premiê francês, Dominique de Villepin, assume que o motivo do recuo do governo foram os fortes protestos que abalaram o país. Isso fica claro em seu pronunciamento na TV francesa, no qual Villepin afirmou que “as condições necessárias de confiança e calma não estão presentes, nem entre os jovens nem entre as empresas, para permitir a aplicação do CPE”.

A principal preocupação do governo francês diante dos crescentes protestos é a queda da popularidade de Villepin, foi de 49% em janeiro para 25% em abril. Seus planos de ser candidato à Presidência em 2007 poderiam ficar prejudicados caso os protestos continuassem.

A gota d´água foi a mobilização do dia 4 de abril, que levou ao menos 1 milhão de pessoas às ruas no país. Logo em seguida, Chirac apontou para a possibilidade de fazer emendas à lei, mas se negava ainda a anular a medida. Como os protestos continuaram, só restou ao governo recuar completamente.

Os sindicatos e organizações estudantis que vêm organizando os protestos do último período se reunirão na tarde desta segunda-feira, dia 10, para discutir o que fazer diante do recuo do governo, já que novos protestos estavam previstos para o dia 11.

Brasil e França: os mesmos ataques neoliberais
A lei criava o Contrato do Primeiro Emprego para jovens de até 26 anos, prevendo um período de experiência de dois anos. Neste período, empregadores poderiam demitir sem oferecer explicações ou conceder aviso prévio. Para outros empregados, o período de experiência geralmente varia entre um e três meses.

O governo alegava que a medida, ao flexibilizar direitos trabalhistas, incentivaria o empresariado a gerar mais empregos. Este é o mesmo argumento do governo Lula para a reforma Sindical e Trabalhista no Brasil, que o presidente já declarou ser