A regulamentação da aprovação automática pela Prefeitura do Rio de Janeiro provocou uma verdadeira comoção entre os profissionais da educação e a população carioca. O mecanismo que já vigora no estado de São Paulo bane a chamada “repetência”, a fim de reduzir ao máximo a permanência do aluno na escola.

A combinação das péssimas condições de trabalho e de salário, com a decisão da prefeitura de promover a aprovação automática, destruiria de vez a possibilidade de uma escola de qualidade. Além das condições precárias de trabalho, os professores ainda precisam trabalhar em várias escolas devido aos baixos salários.

A partir do anúncio dessa resolução, houve uma explosão nas escolas e em muitas ocorreu uma auto-organização que há muito não se via. O entendimento de que o objetivo da prefeitura é o fim da escola pública e sua privatização levou profissionais e a população a uma revolta generalizada.

Com grandes manifestações e passeatas que chegaram a contar com cinco mil pessoas e atos localizados nos finais de semana, em pouco tempo o movimento conquistou a simpatia da população que, além de participar das mobilizações, enviou milhares de cartas a toda a imprensa.

Através de paralisações alternadas, greve “pipoca” e muita pressão, a organização conseguiu, até agora, além de derrubar a aprovação automática em votação na Câmara de Vereadores, outras vitórias importantes. O prefeito César Maia (DEM) foi obrigado a convocar 800 professores do banco de concursados e determinou o fim da cobrança da avaliação de desempenho dos funcionários administrativos para redução salarial. Além disso, o Tribunal de Contas do Município reprovou as contas da prefeitura, admitindo que Maia não investe os 25% previstos por lei e que deve à educação pelo menos R$ 5 bilhões em dez anos.

A luta ainda não acabou, mas a grande vitória desse movimento é o resgate de uma categoria que voltou a acreditar que lutar é preciso e a vitória é possível. O próximo passo é a mobilização do dia 13 de julho, em plena abertura dos Jogos Pan-Americanos, no Rio.

Post author Edna Oliveira, do Rio de Janeiro (RJ)
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