Manifestantes ocupam o 2º andar da sede do Ministério da Fazenda
Marcelo Casal Jr. / Ag. Brasil

Cerca de 200 trabalhadores sem-terras ocuparam nesta quinta-feira o prédio do Ministério da Fazenda, em Brasília. Eles exigem a liberação das verbas para a reforma agrária, bloqueadas pelo governo, e exigem ser recebidos pelo secretário-executivo do Ministério, Bernard Appy, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e pelo Palácio do Planalto. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, está em São Paulo e viaja à noite para Washington, nos Estados Unidos.

O grupo protestava no jardim em frente ao ministério, e surpreenderam a segurança, correndo em direção ao prédio. Cerca de 200 conseguiram entrar e, segundo o movimento, cerca de 800 estão do lado de fora. Eles entraram cantando palavras de ordem, como “arroz, feijão, Palocci é um ladrão“ e “faça a reforma agrária ou paramos o Brasil“ e tentam chegar ao quinto andar, onde fica o gabinete do ministro. Com uma barreira, impedem a saída ou a entrada de pessoas no prédio.

O MLST iniciou uma jornada de luta em 30 de março, pela liberação das verbas do Orçamento da reforma agrária. Eles ocuparam terrenos e bloquearam estradas em diversos estados e invadiram as sedes do Incra no Maranhão e no Tocantins.

Apesar de, ao contrário do MST, priorizarem a mobilização e as ocupações, o MLST não deixa de transparecer também um discurso governista. Ao concentrarem as críticas ao ministro Antonio Palocci e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, fortalecem a ilusão de que este é um governo em disputa e que Lula nada tem a ver com a política econômica aplicada. No dia 30 de março, o coordenador nacional do MLST, Bruno Maranhão, chegou a defender o ministro Miguel Rosseto, da Reforma Agrária: “Ele não é o culpado pelos cortes feitos pela equipe econômica“, justificou.

Segundo o geógrafo Marco Antonio Mitidiero, autor de uma tese sobre o tema na USP, o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) foi formado em 1997, reunindo dissidentes do MST e antigos militantes de esquerda. Em 2004, o movimento deu mostras ainda maiores de seu governismo. No dia 10 de julho, líderes do MLST se encontraram com Lula, que usou um boné do movimento e autografou outros 14. Em uma audiência de duas horas, eles criticaram o MST e o abril vermelho e o governo liberou R$ 9 milhões aos assentamentos do movimento.

Em tempo: enquanto o MLST ocupa o prédio do Ministério da Fazenda, um grupo de sem-terras do MST participa de uma sessão solene no Congresso, pelo Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.