Mitsubishi da Venezuela mantém demissões de ativistas e sindicalistas combativos com a aprovação do Ministério do Trabalho de ChávezA empresa MMC (Mitsubishi Motors Corporation, filial venezuelana da montadora de veículos japoneses Mitsubishi) apresenta um vasto histórico de descumprimento de acordos coletivos, não investe em melhorias das condições de trabalho e de segurança, e procura impor ritmos desumanos de produção.

Como resposta a estes ataques, os trabalhadores, organizados no sindicato Singetran, vêm heroicamente resistindo desde o início de 2009. A seguir, um resumo dos últimos acontecimentos envolvendo a empresa.

Em 22 de janeiro de 2009, após a empresa demitir 125 trabalhadores terceirizados, os operários da MMC decidiram, em assembleia massiva, entrar em greve e ocupar a empresa em solidariedade aos demitidos. Logo a seguir, em 29 de janeiro, a polícia tentou acabar com a ocupação, e neste enfrentamento assassinou dois trabalhadores. Após mais de dois meses de greve, chegou-se a um acordo, com a mediação do Ministério do Trabalho, quando a empresa se comprometeu a cumprir as principais reivindicações dos trabalhadores.

No entanto, a MMC novamente deixou de cumprir o acordado, mais e mais trabalhadores adoeceram, e o sindicato começou novo processo de denúncias e mobilizações. Em 24 de agosto, aproveitando a queda em suas vendas, fruto da crise econômica, a empresa fechou a fábrica por tempo indefinido, alegando que ao baixíssimo rendimento de suas operações se somava “o alto número de faltas dos trabalhadores, a indisciplina, agressividade e anarquia que impera num grupo de trabalhadores”. Esta foi uma tentativa absurda e vergonhosa de culpar os trabalhadores pela crise, e mais que isso, tentar jogar os trabalhadores e a opinião pública contra o sindicato, alegando que não mais negociaria com o Singetran. Além disso, a empresa entrou com pedido junto ao Ministério do Trabalho para que pudesse modificar (a seu favor, obviamente) as condições vigentes no atual acordo coletivo de trabalho.

Apesar da paralisação patronal ser declarada ilegal pela Inspetoria do Trabalho, a empresa manteve o lockout por 28 dias, e durante as negociações com o Ministério do Trabalho para retornar as atividades, a MMC colocou como condição a demissão de 156 trabalhadores, entre delegados sindicais, membros da comissão de segurança e saúde, trabalhadores com doenças ocupacionais, além de 11 diretores do Sindicato.

Numa atitude insólita, o Ministério do Trabalho do governo Chávez acatou as condições da empresa e as 156 demissões foram concretizadas. Estamos diante de um fato gravíssimo que transcende os limites da montadora japonesa. Além dos graves prejuízos e transtornos a estes 156 lutadores e suas famílias, a empresa também procura destruir um dos sindicatos mais combativos da Venezuela e impor um clima de terror aos trabalhadores que continuam na ativa, tentando intimidá-los para poder elevar os níveis de exploração; e procura com estes ataques, que os trabalhadores paguem por seus possíveis prejuízos por conta da crise econômica mundial.

É inadmissível que a MMC continue a desrespeitar as leis e os acordos coletivos. É preciso que se dê um basta a essa situação. Os trabalhadores não podem ser expostos a condições inseguras e insalubres. A saída para a MMc, sob a ótica dos trabalhadores é sua imediata expropriação e estatização, sob o controle dos trabalhadores, e que as instalações sejam adaptadas à montagem de automóveis que interessem ao povo trabalhador venezuelano.

É necessária a construção de uma ampla campanha internacional de solidariedade aos trabalhadores da MMC, com a clara exigência de que as demissões sejam imediatamente revertidas.

Essa campanha deve exigir do governo Chávez, que se diz socialista e antiimperialista, que deixe de apoiar a perseguição aos ativistas e de respaldar a transnacional japonesa, e se posicione claramente na defesa destes trabalhadores. E quanto a isso há um fato gravíssimo: no início de dezembro, cerca de 500 trabalhadores da MMC se dirigiram à plenária do Congresso Extraordinário do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), com vídeos e panfletos para denunciar os desmandos da MMC, e lhes foi negado dirigir a palavra ao plenário, após intervenção da própria Ministra do Trabalho, María Cristina Iglesias, que afirmou que a demissão dos trabalhadores da Mitsubishi era uma decisão da Direção Política Nacional do PSUV. Ou seja, o partido que se diz socialista decide, em sua direção nacional, demitir os trabalhadores que estão em luta contra uma transnacional imperialista! É necessário, portanto, exigir também da direção do PSUV, um posicionamento público revendo essa posição.

Até agora, apesar dos inúmeros apelos feitos a Chávez e ao seu Ministério, das inúmeras declarações de dirigentes sindicais e políticos em apoio aos trabalhadores demitidos, a situação continua como está, com a multinacional japonesa fazendo o que bem entende, sem se importar em cumprir a lei, e os trabalhadores continuam demitidos.

Conclamamos a todas as entidades sindicais e políticas a se manifestarem exigindo o imediato retorno dos demitidos. A MMC não pode atacar impunemente os trabalhadores e suas organizações.

  • Todo apoio à luta dos trabalhadores venezuelanos!
  • Que o governo Chávez e sua ministra do Trabalho deixem de dar respaldo à patronal da Mitsubishi e imponham a imediata readmissão da junta diretiva do sindicato, delegados de prevenção e trabalhadores.
  • Imediata estatização da montadora, sob o controle dos trabalhadores!