Ministro pagava empregada doméstica e chofer com recursos públicosNem bem completou nove meses de governo, Dilma já contabiliza cinco ex-ministros. Agora foi a vez do ministro do Turismo, o deputado Pedro Novais (PMDB-MA) pedir as contas. O ministro nomeado pela presidente em janeiro entregou sua carta de demissão nesse dia 14 de setembro. Apadrinhado político do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o ministro fazia parte da cota do PMDB no governo.

Novais já convivia com o desgaste de denúncias de corrupção no ministério, principalmente após a Operação Voucher da Polícia Federal, que prendeu dezenas de funcionários, entre eles o secretário Executivo, Frederico da Costa. Utilizando a tese do ‘eu não sabia´, e que o esquema de desvio e superfaturamento ocorriam bem antes de sua nomeação, Novais permanecia no cargo.

O ministro só caiu quando a imprensa tornou público que a sua empregada doméstica em Brasília era paga com dinheiro público e que um motorista da Câmara servia como chofer para a sua esposa fazer compras. O ministro pagou a doméstica com recursos de sua verba de gabinete de 2003 a 2010, período no qual a funcionária ficou registrada como “secretária parlamentar” da Câmara. Já o motorista, apesar de oficialmente constar no quadro de funcionários da Câmara, permanecia 24 horas à disposição da esposa do ministro.

O desgaste foi tão grande que o ministro perdeu apoio até de seu partido. Até mesmo o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, pediu sua saída. “Para Novais, só tem duas opções: ou sair por vontade própria, ou ser saído”, chegou a declarar à imprensa. O pedido de demissão veio num telegrama curto e direto enviado ao Planalto, e aceito prontamente.

Escândalos
A demissão foi o ápice da série de escândalos que abalou o ministério e causou a prisão de 38 funcionários do órgão. O esquema funcionava através de fraudes em emendas parlamentares no Orçamento e convênios firmados entre o ministério e ONG´s. Entre os presos estavam o ex-deputado federal pelo PMDB, Colbert Martins da Silva Filho.

Apesar de chamuscado pelas denúncias, Novais se equilibrava no cargo com a anuência de Dilma. Até as últimas revelações.

Assim como ocorreu nos casos anteriores, a troca do ministro deve alterar pouca coisa, já que o novo escolhido é também apadrinhado de Sarney. Após horas de indefinição na escolha do novo nome, chegando o PMDB até a anunciar que colocava à disposição os nomes dos 80 deputados do partido para Dilma decidir quem iria (e assim assumir a responsabilidade pela nomeação), chegou-se ao consenso. O novo ministro é o deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), parlamentar desde 1995 e ex-secretário de Educação no governo de Roseana Sarney.

Farsa da ‘faxina´
A queda do quinto ministro do governo Dilma confirma a farsa da “faxina” do governo. Dilma já sabia muito bem quem era Pedro Novais quando, em janeiro último, o nomeou para a pasta do Turismo. No mês anterior, o então deputado se viu alvo de um escândalo por ter pagado uma conta de pouco mais de R$ 2 mil de um motel com verbas de gabinete. O deputado deu uma “festinha” a amigos estabelecimento. Diante da repercussão negativa, ele devolveu o dinheiro, mas permaneceu impune e ainda foi promovido a ministro.

E agora, ao que tudo indica, Novais cedeu seu lugar ao colega de partido para retornar tranqüilamente à Câmara, ficando mais uma vez impune pelas irregularidades já mais do que provadas. Nessa história, a única faxina de verdade é a que a empregada doméstica fazia no apartamento do ex-ministro, paga com dinheiro público.

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