O novo governo começou mantendo o toque de recolher de Mubarak, ignorado na última semana de protestos. Rondas de polícia e o exército ordenaram o fechamento dos cafés e outras lojas. Na Praça Tahrir, voluntários das equipes de limpeza organizadas durante o levante popular foram presos depois da meia-noite.
O exército anunciou que só vai convocar eleições daqui a seis meses, e manteve todo o aparato de repressão da ditadura e muitos ministros de Mubarak. As primeiras medidas do governo provisório deixam claro que o exército tenta roubar a vitória da revolução das massas.

Greves dos trabalhadores
A revolução fez com que muitos trabalhadores fizessem greves e mobilizações. Os trabalhadores ferroviários do Cairo, terceirizados, estão parados. O governo ofereceu 100% de aumento, mas eles seguem em greve pela isonomia de direitos com outras categorias. Outra greve ocorreu entre os bancários. Nas portas do banco nacional egípcio, cerca de dois mil empregados pediam aumento e o fim dos privilégios do Conselho de Administração. Há greves ainda dos trabalhadores do canal de Suez, da indústria têxtil e da pesca. Todas categorias muito importantes no país.
As greves são uma nova ameaça à política contrarrevolucionária do governo. Uma fonte militar disse à agência Reuters que o governo estuda a proibição das greves e reuniões sindicais. No dia 14, o governo emitiu um comunicado criticando as greves, pedindo aos trabalhadores que voltem ao trabalho. Evidentemente, os pedidos não serão ouvidos.

A mobilização revolucionária deve avançar. A direção do movimento articula um ato massivo para o dia 18, dia santo do islamismo e data dos maiores protestos. O objetivo é reivindicar o pleno cumprimento de exigências complementares à queda de Mubarak, especialmente o fim da Lei de Emergência, demissão de todo o ministério anterior e desmonte dos aparatos de repressão da ditadura.
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