O Morro da Providência é a mais antiga favela da Cidade, formada no início do século passado pelos soldados que retornaram do massacre que o exército brasileiro promoveu em Canudos.

Essa comunidade carente, localizada bem no centro do Rio, foi escolhida pelo senador e ex-oficial do Exército Marcelo Crivella (PR) para instalar sua obra demagógica e eleitoreira chamada de “Cimento Social”. Ela faz parte das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que estão sendo realizadas no Estado. Essa obra de fachada já está sendo conhecida como o “cimento eleitoral”, porque Crivella é candidato a prefeito da cidade e vem usando-a de forma descarada em sua campanha.

Com o apoio de Lula, Crivella conseguiu a autorização de usar tropas do Exército na execução das obras iniciadas em dezembro de 2007. É o único convênio desse tipo em andamento no país. Desde então, a comunidade sofre com o autoritarismo, o terror e a violência da ocupação militar promovida pelo Comando Militar do Leste.

Três jovens foram entregues na madrugada de 14 de junho por 11 militares, entre eles o tenente Vínícius Ghidetti Andrade, que comandou a operação, para traficantes da comunidade da Mineira, controlada por uma facção rival à do Morro da Providência. A partir daí os três jovens foram torturados até a morte e seus corpos foram mutilados pelos traficantes. A polícia investiga se os militares brasileiros não venderam as três vítimas aos traficantes, prática muito comum na chamada “banda podre” da polícia carioca.

Um dos três jovens assassinados barbaramente, Wellington, iria começar a trabalhar nas obras do PAC do Morro da Providência. Apenas um dos jovens possuía antecedentes criminais leves, mostrando claramente que a ação do Exército atingia prioritária e indiscriminadamente o povo pobre e negro da comunidade.

Os 75 operários das obras do PAC da Providência, muitos moradores da comunidade, chegaram a realizar uma greve, exigindo a saída do Exército, pois, com a permanência da ocupação militar, não existe nenhuma segurança para realizar seu trabalho. Após o enterro das três vítimas, centenas de moradores realizaram uma manifestação na sede do Comando Militar do Leste, na Central do Brasil. A manifestação foi violentamente reprimida por forças do exército e da Tropa de Choque da PM.

A Conlutas do Rio de Janeiro e o Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (IDDH) já estiveram presentes no local durante vários dias. No dia 19 de junho, uma comissão de sindicalistas e dirigentes políticos, entre eles Cyro Garcia, do PSTU, visitaram os familiares das vítimas prestando solidariedade.

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