No momento em que este editorial estava sendo escrito, os militantes que encaminharam o plebiscito em todo o país ainda estavam contando os votos recolhidos. Mas existia um sentimento de alegria em todos pela tarefa cumprida: o recolhimento de alguns milhões de votos contra a reforma da Previdência, a privatização da Vale, o pagamento das dívidas interna e externa e os altos custos da privatização do setor elétrico.

Sem nenhum apoio do Estado (e contando com a hostilidade aberta do governo Lula), a Conlutas, o MST, as Pastorais Sociais da Igreja, o Grito dos Excluídos, o Jubileu Sul, a Intersindical e outros agrupamentos realizaram uma gigantesca consulta às bases sobre esses temas. Não podemos, neste momento, apontar ainda um resultado em números de votos, mas podemos dizer que a discussão foi muito positiva.

Mais que uma consulta, tratou-se de levar para as bases a discussão sobre esses pontos, como uma preparação para os próximos passos da luta. Isso tem uma enorme importância, porque este governo se apóia no passado de Lula para convencer os trabalhadores e o povo a aceitarem sua política econômica atual e a próxima reforma da Previdência.

O plebiscito teve de superar inúmeros problemas. O principal deles foi a tentativa de limitá-lo e desviá-lo, para evitar que ele enfrentasse o governo Lula. A UNE e a CUT tentaram desviar o plebiscito, reduzindo as perguntas a apenas uma sobre a privatização da Vale (feita no governo FHC), para evitar a discussão sobre a reforma da Previdência que está sendo preparada por Lula.

Apesar desses obstáculos, acreditamos que o primeiro balanço a fazer de todo este processo é positivo: alguns milhões de votos na base significam milhões de pontos de apoio para a continuidade do plano de lutas.

O PSTU se orgulha de ter colocado todas suas forças para garantir a realização deste plebiscito. Nossos militantes estiveram na linha de frente na discussão e no recolhimento dos votos junto com os outros participantes. Nosso jornal e nossa página da Internet estiveram centrados no plebiscito por mais de um mês. Nosso programa semestral de TV e de rádio, em rede nacional, no dia 30 de agosto, foi dedicado ao plebiscito. Ao levar a discussão para as bases, encontramos amplos reflexos do programa, com trabalhadores nos informando que se engajaram no plebiscito depois de assisti-lo.

Depois da contagem dos votos, será a hora de começarmos a preparar o próximo passo. Vamos organizar uma grande marcha a Brasília em outubro para exigir do governo resposta a essas reivindicações. Essa marcha e as campanhas salariais do segundo semestre devem ser as próximas grandes etapas do plano de lutas.

É muito importante reforçar a unidade dos que lutam. Queremos renovar o chamado ao MST para que rompa com o governo Lula e se engaje decididamente na preparação da marcha de outubro.
Post author Editorial do Opinião Socialista nº 314
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