Foto: Noel

Mais de 50 mil foram às ruas em protesto que também levantou o “Fora Cabral”

Mais uma vez os trabalhadores e a juventude do Rio de Janeiro fizeram história. Mais de 50 mil pessoas foram às ruas. Esta foi a resposta dos trabalhadores e do conjunto da população aos ataques à educação e contra a repressão policial comandada por Paes e Cabral. A manifestação, a maior ocorrida desde junho, desta vez foi organizada e encabeçada pela poderosa categoria dos educadores.

Desde o final da tarde desse 7 de outubro, por volta das 16 horas, milhares de manifestantes ocuparam e foram tomando as ruas do centro da cidade. “Fora Cabral” e “Fora Paes” eram as palavras de ordem mais cantadas por profissionais de educação de todo o estado, bancários, petroleiros, inúmeras outras categorias e estudantes. O fim da repressão e a desmilitarização da PM também eram exigidos pelos manifestantes durante todo o ato em apoio aos educadores.

O processo de lutas que os profissionais da educação vêm protagonizando desde setembro ganha cada vez mais força. Além da enorme manifestação, outras iniciativas apoiam a pauta da educação pública. Recentemente, nas redes sociais, diversas atrizes famosas prestaram sua solidariedade aos educadores grevistas postando fotos com uniformes das escolas da rede pública. Escolas da rede particular de ensino, como Oga Mitá, Ceat e Edem, também aderiram ao movimento, encerrando suas atividades mais cedo e convocando a participação da comunidade escolar. Em São Paulo e Belo Horizonte também ocorreram manifestações em solidariedade à luta dos educadores do Rio.

O apoio de diversos setores dos movimentos sociais e da imensa maioria da população demonstra categoricamente que os educadores ganharam a disputa contra Eduardo Paes e Sérgio Cabral sobre os projetos de educação pública para o estado e o município. Os governos, desesperados, seguem atacando os profissionais da educação com o aval do Tribunal de Justiça, que restringiu o direito de greve da categoria, autorizando o corte de salários e prevendo multas ao Sepe.

Nos próximos dias será fundamental manter o apoio à greve dos educadores, cercando-os de solidariedade ativa e somando com as outras lutas que estão em curso na cidade.

Que papel cumpriu o Black Bloc?
Ao final da vitoriosa manifestação, o Black Bloc, de forma isolada, depredou bancos e a Câmara Municipal, desencadeando uma violentíssima repressão policial, com o uso da Tropa de Choque e do BOPE. O Sepe convocou uma reunião de organização do ato, convidando todos os setores envolvidos – inclusive o Black Bloc – onde as ações da manifestação foram democraticamente decididas. O Black Bloc não compareceu à reunião e ao final da manifestação realizou as ações que sequer haviam sido discutidas. Esta é um atitude anti-democrática e que passa por cima dos tradicionais métodos da classe trabalhadora.

Obviamente não se deve imputar ao Black Bloc qualquer culpa pelo caos na educação pública e tampouco pela truculência já habitual da polícia. A responsabilidade é exclusiva dos governos municipal e estadual, que orquestram suas políticas em detrimento dos interesses da população. A manifestação de ontem, contudo, prova que não são as ações isoladas que trazem a população para as ruas, mas sim a organização das categorias e da juventude, que deliberam democraticamente em seus fóruns os rumos e as tarefas do movimento.

A postura defensiva da polícia na noite de ontem, quando não havia efetivo policial acompanhando a manifestação, é fruto da pressão popular desencadeada pela repressão à manifestação do dia 1º, e à desocupação da Câmara Municipal no dia 28 de setembro. As ações do Black Bloc, no entanto, acabaram possibilitando a brutal repressão policial, que teve reflexos para os moradores da Lapa, Bairro de Fátima e região. A cobertura da imprensa sabotou a vitoriosa manifestação, mostrando a conflito entre este grupo e a polícia, ao invés de noticiar o ato em si.

A luta pela educação segue
Na tarde desse dia 8, a assembleia dos profissionais da educação da rede estadual votou a continuação da greve. No dia 9 haverá assembleia da rede municipal que discutirá também os rumos do movimento.

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Na TV PSTU, Amanda Gurgel e Suzana Gutierrez falam sobre a greve da educação no Rio 

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