Protestos reuniram milhares

Repressão brutal do Estado sionista deixa ao menos 15 mortosPelo menos 15 pessoas foram assassinadas pelo Exército israelense nesse dia 15 de maio, durante os protestos na data em que é comemorada a fundação do Estado de Israel. O dia é chamado pelos palestinos de “Nakba”, ou o “dia da catástrofe”, por marcar a perda de suas terras. Além dos mortos, outros 170 foram feridos pelos disparos dos soldados israelenses, que responderam a tiros às manifestações de palestinos e refugiados desarmados.

Segundo o espanhol El País, o governo de Benjamín Netanyah deslocou nada menos que 10 mil soldados para reprimir as manifestações do 63º aniversário do Estado israelense.

Revolta contra a catástrofe
Os protestos que ocorrem anualmente ganharam esse ano um impulso renovado devido à onda de revoltas e revoluções árabes. Além da Faixa de Gaza e Cisjordânia, a jornada de manifestações contou com centenas de refugiados na fronteira do país com a Síria e o Líbano, um fato sem precedentes. “Nunca houve protestos assim na região, principalmente nas fronteiras. Eu estava em Ramallah, a capital da Autoridade Nacional Palestina, no 15 de maio passado e não houve quase nada, no máximo umas pequenos demonstrações”, afirma Luiz Gustavo Porfírio, que acompanhou pelo jornal Opinião Socialista a revolução egípcia.

Mas se os protestos foram grandes esse ano, a repressão das forças de segurança isralenses foi implacável. Só na fronteira com o Líbano, dez manifestantes foram mortos e ao menos 110 ficaram feridos. Os ativistas enfrentaram a repressão dos próprios soldados libaneses, atravessaram a barreira montada por eles, e se colocaram diante da fronteira com Israel, onde foram alvejados. De acordo com o jornal libanês Daily Star, palestinos e ativistas libaneses gritavam palavras de ordem como “nós sacrificamos nossas almas e nosso sangue pela Palestina”, além de faixas exigindo o retorno dos refugiados expulsos por Israel.

“A marcha visa lembrar a nova geração que nossos pais e avós foram deslocados de suas terras, tomadas pelos judeus (sionistas)”, afirmou um dos manifestantes ao jornal libanês. “É também uma mensagem ao Ocidente e especificamente aos EUA que fala em liberdade e democracia, que nós queremos retornar nos termos da Resolução 194”, disse ainda, referindo-se à resolução da ONU que assegura o direito ao retorno dos palestinos expulsos na fundação de Israel.

Na Síria, dezenas de manifestantes cruzaram a barreira imposta pelos israelenses nas Colinas de Golã, região ocupada por Israel desde 1967. Na repressão, quatro pessoas foram mortas pelos soldados.


Manifestantes palestinos em Ramalah carregam ferido

Já na Faixa de Gaza uma grande marcha reuniu centenas de palestinos, principalmente jovens, que enfrentaram e ultrapassaram uma barreira do Hamas, aproximando-se da fronteira com Israel. Eles jogaram pedras contra um tanque, que respondeu com rajadas de metralhadora. Um palestino de 18 anos foi morto com um tiro. Já na Cisjordânia, o protesto ocorreu na fronteira entre Ramalah e Jerusalém. A repressão deixou 50 feridos.

Além dos protestos na Palestina e nas fronteiras, o “Nakba” ficou marcado por manifestações de solidariedade à causa palestina em vários países, como no Egito, na Praça Tahir, e na Turquia. Em março, uma página do Facebook convocando uma “Terceira Intifada” no dia chegou a ter 340 mil membros, até ser censurada após pressão de autoridades de Israel.

Nakba
Quando Israel foi fundado em 1948, algo como 750 mil palestinos foram expulsos de suas terras. Hoje, seus descendentes chegam a 4,5 milhões de pessoas, que sobrevivem precariamente em acampamentos de refugiados.

“A onda de protestos desse dia 15 colocou o tema do Nakba em pauta em toda a imprensa mundial, e mostrou também o amplo apoio das massas árabes à causa da libertação palestina”, afirma Porfírio.

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