Furgões da polícia tentam abrir passagem no meio da multidão em Madri

Protesto contra os cortes do governo Rajoy e a troika é duramente reprimido pela políciaO estado Espanhol tremeu nesse dia 25 de setembro. Dezenas de milhares saíram às ruas contra a crise econômica e os cortes sociais, na jornada de lutas intitulada ’25-S’. A maior delas ocorreu em Madri. Milhares de manifestantes saíram de várias partes do país para a cidade no protesto chamado ‘Rodea el Congreso’ ou ‘Ocupa el Congreso’ e que tinha como objetivo cercar o Congresso dos Deputados para denunciar o “sequestro” da democracia.

Desde cedo, a repressão foi intensa. Os ônibus que entravam na cidade eram parados pela polícia e seus passageiros fichados, numa tentativa, fracassada, de intimidação. Os manifestantes que iam chegando a Madri, completamente tomada por 1350 policiais da Unidade de Intervenção Policial (polícia antidistúrbios), concentravam-se em diferentes pontos da cidade, para depois partirem em direção ao Congresso. Foi uma tática para driblar a proibição de protesto próximo ao parlamento.

Apesar de o governo ter divulgado o número de seis mil pessoas, era visível que o número de manifestantes nas ruas de Madri era bem maior, talvez chegando às dezenas de milhares. Os cartazes e as palavras de ordem atacavam não só os cortes sociais impostos por mãos de ferro pelo presidente Mariano Rajoy a serviço da troika, mas também os políticos e a falta de democracia. “Vim de Barcelona para aderir a essa concentração cidadã porque o que queremos é que se vá o governo e os deputados, porque não os queremos”, relatou uma manifestante ao jornal espanhol Público. “Vivemos em uma ditadura financeira”, afirmou outro ativista.

A polícia antidistúrbio, deslocada de todo o país para Madri, sitiou e bloqueou as proximidades do congresso. Com a aproximação dos manifestantes, reprimiu violentamente com bombas de gás, balas de borracha e golpes de cassetete. “Que no, que no, que no tenemos miedo”, cantavam os ativistas. “El último parado (desempregado) que seja um deputado!”. A repressão deixou pelo menos 13 feridos, além de 23 detidos.

Protestos se voltam contra o regime
A jornada de lutas que estremeceu Madri nesse dia 25 de setembro marca não só um impulso na resistência aos cortes e à recessão que a troika (União Europeia, Banco Central Europeu e FMI) joga o país, deixando 25% da população desempregada (e 53% dos jovens). Marca, sobretudo o aumento do caráter anti-regime dos protestos, com mobilizações cujo alvo é diretamente o governo, visto como mero fantoche para imposições da União Europeia, como os cortes sociais e a reforma trabalhista.

Uma das faixas que abriam os protestos levava a mesma palavra de ordem que encabeçou a onda de revoluções que se abateu sobre a América do Sul na passagem do século, derrubando governos como o da Argentina, Bolívia e Equador: “Que se vayan todos!”. Após a entrada da classe operária na resistência aos cortes com a greve mineira, desta vez os protestos miram o regime político como inimigo central.

“É necessário convocar uma greve geral até tirar todos”, conclama a Corriente Roja, organização filiada à LIT-QI no Estado Espanhol, convocando ainda uma jornada de luta para este dia 26, chamada pelo Sindicalismo Alternativo e movimentos sociais. “É necessário que se unifiquem as lutas. É necessário unir os movimentos socais à classe operária e a seus métodos de luta”, defende Corriente Roja.

  • No site de Corriente Roja: O Congresso Cercado. O povo contra o regime dos bancos e dos capitalistas