Paralisação de trabalhadores da Siderúgica de Orinoco (Sidor) foi reprimida à bala pela Guarda Nacional de Chávez. Mídia privada dedica poucos segundos ao conflito. Emissoras do governo simplesmente não noticiam.O conflito e a repressão governamental na Sidor sofreram uma verdadeira “conspiração de silêncio” por parte da imprensa venezuelana, tanto privada como oficial. Assim, a agência independente Repórteres Comunitários de Mérida, expressou, em 15 de março: “Chama a atenção que, diante desses fatos, se impõe um “cerco da mídia” na Venezuelana, dos meios de comunicação nacionais, privados e oficiais (imprensa, rádio e TV), os quais tentam ocultar ou minimizar a luta dos trabalhadores metalúrgicos”.

No mesmo sentido, a dirigente sindical Marcela Máspero denunciou em uma reportagem “o cerco de mídia que existe com relação ao conflito da Sidor, por uma parte gerado pela própria transnacional e seus tentáculos nos meios privados e, por outra, pelo próprio ministro do Trabalho, quem se encarregou de visitar pessoalmente o ministro da Comunicação, o presidente da VTV, da ABN e do resto dos meios oficiais para satanizar a luta dos trabalhadores sidoristas”. À luz dessa realidade, é interessante retomar o duro debate que se desenvolveu quando o governo de Chávez não renovou a concessão da emissora RCTV, e incorporou equipes para transmitir à rede estatal de meios, onde agora funciona a TVES.

A LIT-QI se opôs a essa medida, alertando que, em última instância, estava dirigida contra a liberdade de expressão da classe operária. Por essa posição, recebeu muito duros ataques de várias correntes de esquerda, acusando-a de fazer o jogo da burguesia golpista de direita, concessionários dessa emissora.

Esse debate pode hoje “descer à terra” e ser feito muito mais claramente. Como temos visto no conflito da Sidor, toda a imprensa burguesa, seja pública (incluída a TVES) ou privada, silenciou a luta dos trabalhadores e a repressão.

Quer dizer, houve um acordo de classe muito profundo contra os trabalhadores, entre o governo e a oposição burguesa de direita. Então, a pergunta que hoje devem responder aqueles que defenderam essa medida do governo de Chávez é muito simples: aumentou a liberdade de imprensa da classe operária? Acreditamos que a resposta é muito clara: NÃO. Na Sidor, tal como agora mostra a atuação de todos os meios, seus verdadeiros beneficiados foram a “burguesia bolivariana” e as multinacionais.

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