O México quer fazer parte do Mercosul; mais uma jogada para impulsionar a Alca e o comércio da América Latina sob o controle do governo norte-americano`VicenteNesta última semana o presidente Vicente Fox esteve no Brasil para apresentar o México como pretendente ao Mercosul. Já no Brasil, Fox afirmou que a entrada do México significaria um fortalecimento do bloco e impulsionaria uma integração da América Latina. O atual presidente mexicano tem um currículo digno de um representante dos interesses comerciais do imperialismo norte-americano. Formado pela Universidade Harvard em Administração de Empresas, teve sua primeira experiência em gerenciamento ocupando a presidência da Coca-Cola no México. Em 1988, ingressou no Partido de Ação Nacional (PAN), fundado em 1939, para representar os latifundiários e a burguesia industrial mexicana. Fox chegou ao poder após 72 anos de sucessivos governos do Partido Revolucionário Institucional (PRI). Capitalizou a crise do neoliberalismo após 1994 e se elegeu prometendo um “desenvolvimento econômico com rosto humano”.

Por trás de toda esta ardorosa defesa de “integrar a América Latina” está a intenção de vender o livre comércio como modelo econômico para os países latino-americanos. e cita como exemplo a experiência de seu país com o Nafta (acordo comercial entre México, EUA e Canadá) “Ninguém pode falar como o México das vantagens do livre comércio”.

México: tão longe do céu e… tão perto dos EUA

Em 6 anos e meio de aplicação do Nafta, aparentemente, tudo caminhava bem com a economia mexicana. Foram incrementados cerca de US$ 102 milhões de investimentos estrangeiros. Em 5 anos o comércio com os EUA cresceu 118%. As exportações passaram de US$ 23 milhões em 1981 para US$ 138 milhões em 2000.

Na verdade, a economia mexicana cresceu enquanto a norte-americana não estava em recessão. Com a crise no coração do capitalismo, o México está pagando caro pela dependência de mais de 90% do comércio externo com os EUA. Em 1981, as exportações tinham um conteúdo nacional de quase 86%. Em 2001, por cada dólar da exportação industrial para os EUA só irrisórios 18 centavos ficavam no país. O setor que mais cresceu foi o das maquiladoras – empresas montadoras, que importam dos EUA a matéria-prima, montam e re-exportam, usando geralmente mulheres e crianças como mão-de-obra. Assim o México se transformou numa imensa plataforma de exportações dos produtos, na maioria americanos, fabricados pelas mais de 1.500 maquiladoras instalada no país.

A realidade demonstrou que apenas dois setores ganharam ao “ser o 70 exportador mundial”: as empresas norte-americanas e a burguesia mexicana associada a elas. A instalação do Nafta, a partir de 1994, só aprofundou as condições precárias nas quais já vivia o povo mexicano. O poder aquisitivo do salário mínimo caiu em 50%. A dívida externa do país em lugar de baixar aumentou absurdamente. Em 1990, chegava a US$ 107 bilhões; em 2000, saltou para US$ 164 bilhões. Hoje está perto dos US$ 80 bilhões, mas às custas de uma profunda desnacionalização da economia e da “hipoteca” do petróleo mexicano para os EUA.

A pobreza no país também aumentou. Em 1984, havia 11 milhões de pobres, ou seja, 16% da população; já em 2003, passou a 50 milhões: 58% da população. Nos EUA, os trabalhadores também saíram prejudicados. Houve perda de 760 mil postos de trabalho desde que o acordo entrou em vigor.

As recentes pesquisas de opinião divulgadas no jornal mexicano “El Universal” já estão refletindo o desgaste do governo Fox. Quando perguntadas sobre o desemprego no México, 72% das pessoas reprovaram a política do governo. Além disso, 68% reprovaram ainda a economia e 60% o combate à pobreza implementado.

À luz destas cifras, não se pode dizer que o México se desenvolveu com a aplicação do Nafta. Ao contrário, está mais dependente, mais explorado, mais pobre, sem soberania nacional e se tornou uma colônia do imperialismo norte-americano.
Post author Yuri Fujita, da redação
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