Justiça aliada de Alckmin declara greve “abusiva” e multa de R$ 500 mil ao sindicato

Os metroviarios de São Paulo chegam nesse domingo ao seu 4º dia de greve, enfrentando a intransigência e a truculência do governo de Geraldo Alckmin (PSDB). O governo estadual se recusa a avançar numa proposta para pôr fim à paralisação que atinge 4 milhões de pessoas e ainda recorre à Tropa de Choque da PM para reprimir os grevistas.

Apesar da repressão e da verdadeira campanha realizada pela imprensa, assim como a postura do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que declarou a greve “abusiva” na manhã desse dia 8, a greve segue forte, com praticamente 100% de adesão. Os poucos trechos que funcionam são operados por funcionários da administração, o que coloca a população em risco já que não contam com preparo para a função.

A fim de avançar nas negociações, os funcionários do Metrô reduziram a reivindicação inicial de reajuste salarial de 35% para 16% e, por fim, 12%. A direção do Metrô e o governo estadual, por outro lado, mantiveram-se intransigentes e ameaçaram demitir os grevistas. Os metroviários propuseram liberar as catracas e trabalhar de graça para não afetar a população, mas o governo também recusou.

A greve dos trabalhadores do Metrô vem recebendo uma surpreendente solidariedade de diversas categorias e da população. Inúmeras mensagens de apoio de todo o país e até de fora incentivam os metroviários e exigem a abertura de negociação por pare do governo Alckmin.

Nesse dia 8 o Sindicato dos Metroviários enviou uma carta à presidente Dilma Roussef reivindicando a mediação do Governo Federal para a resolução desse impasse.

Leia abaixo a carta enviada a Dilma:

São Paulo, 8 de junho de 2014

À

Excelentíssima  Presidenta da República

Dilma Vana Rousseff,

Assunto : Pedido relativo à negociação da greve dos metroviários

Excelentíssima senhora Presidenta,

 Nós, do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, estamos em um processo de reivindicação trabalhista junto ao governo do Estado de São Paulo há alguns meses. Isso culminou na deflagração de uma paralisação da categoria desde o dia 5 de junho.

 Fizemos todos os esforços para evitar que a greve causasse prejuízos à população (sugerimos a realização de greve com catraca livre e funcionamento normal do Metrô) e para alcançar um acordo de maneira rápida e satisfatória. No entanto o governador do Estado Geraldo Alckmin e o secretário Estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, não permitiram evolução nas negociações com o sindicato e os trabalhadores.

 Nossa categoria enfrenta diversas dificuldades, tais como perdas reais acumuladas de 35% no valor de nossos salários, evolução de planos de carreira, não pagamento de adicionais de periulosidades, entre outros problemas. Como prova de disposição ao diálogo, sinalizamos aceitar um reajuste menor do que era nossa proposta inicial. E embora as instâncias judiciais tenham se manifestado em favor da reabertura das negociações, o governo do Estado tem se recusado a dialogar.

 Assim, para que a população da cidade de São Paulo não seja prejudicada, gostaríamos de pedir à Presidenta que intervenha no conflito e auxilie nossa categoria na reabertura das negociações. Evoluído o atendimento de nossas reivindicações, é nosso interesse voltar ao trabalho o mais breve possível, porém a interrupção das negociações inviabilizam essa hipótese.

 Sabemos que estamos a poucos dias da abertura da Copa do Mundo de Futebol, um grande evento que realizará sua abertura na cidade de São Paulo e que depende, em grande medida, para sua realização bem-sucedida, do trabalho que realizamos todos os dias. Não é nosso objetivo prejudicar esse evento, assim como não nos interessa prejudicar a população da cidade. É por isso que pedimos à Presidenta que auxilie nossa categoria a reabrir as negociações com o governo do Estado de São Paulo, para que esse litígio trabalhista possa ser resolvido da maneira mais rápida, de forma satisfatória a ambas as partes, da população de nossa cidade e do país.

 Agradecendo a compreensão e na certeza de que Vossa Excelência tomará as medidas necessárias para reverter esse impasse,

 Atenciosamente,

Altino Prazeres, Presidente do Sindicato dos Metroviários da Cidade de São Paulo­”
 

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