Os trabalhadores do Metrô realizarão, ainda, uma “operação-procedimento”A assembléia dos metroviários, na noite de quarta-feira, 8 de agosto, transformou-se num ato contra as 61 demissões feitas pelo governador José Serra (PSDB). A mesa do evento foi composta por representantes da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), da CUT, da Intersindical, da Nova Central e pelos partidos PCdoB e PSTU.

O presidente do sindicato dos metroviários, Flávio Godoy, na abertura, disse que “o problema das demissões não é só da categoria, mas um ataque ao conjunto dos servidores estaduais”. O segundo a fazer uso da palavra foi Vagner Gomes, que relatou o que ocorreu na reunião com várias entidades sindicais, na manhã do mesmo dia. Nesse encontro, foi decidida a realização de um ato no dia 17 de agosto, às 16h, em defesa do direito de greve, contra as demissões e contra as privatizações do Metrô. A manifestação ainda não tem local definido.

Em seu discurso, Gomes, lembrou o “buraco” da linha 4, no bairro de Pinheiros, onde morreram oito trabalhadores num desabamento de obras. Ele disse que o governador José Serra “não vai destruir a categoria por que essa vai continuar lutando”.

Representando a Conlutas, falou Eli, do Sinsprev. “Este ataque do governador já é reflexo do debate da lei de greve que o governo Lula está pautando (…) estaremos unidos também contra o governo Lula e seus plano de reformar a Previdência que irá prejudicar os trabalhadores”.

O dirigente do PSTU, Junior, fez uma breve saudação e lembrou: “a categoria metroviária pode derrotar o governador, pois os estudantes e servidores o fizeram na recente greve das universidades estaduais”. “Os metroviários, unidos com os demais servidores, têm todas as condições de derrotá-lo outra vez”, concluiu.

Flavio, representante da CUT do Sind-Saúde, ficou numa grande “sinuca”, porque o governo Lula estava sendo atacado pelos trabalhadores. Flávio não teve a coragem de defender o presidente e limitou-se a prestar solidariedade aos metroviários.

Outras intervenções lembraram que o governador está tendo a mesma postura truculenta com os trabalhadores da Cosipa, empresa do sistema Usiminas, que fizeram greve na sexta-feira passada, e ameaçando os professores estaduais que farão assembléia no dia 24.

Um dos momentos emocionantes foi quando os afastados foram chamados a ficarem de frente para a assembléia. Eles foram saudados com aplausos por um longo tempo. Vários se emocionaram e era possível ver lágrimas nos olhos de alguns.

Ao final, por unanimidade, os metroviários decidiram que, neste momento, a prioridade nas negociações com o Metrô é reintegração dos 61 demitidos. Foi aprovada, também, a “operação de procedimento”, que é o cumprimento das normas de em todos os setores, como manutenção, operação, etc. Com isso, o transporte se tornará mais lento.

Os metroviários aprovaram, ainda, o fim das horas-extras, um ato no dia 17 de agosto e um fundo de greve. Não houve acordo sobre como efetivar o bônus. Os trabalhadores, preocupados em não deixar os afastados sem pagamento no dia 15, propuseram um bônus imediato, descontando R$ 15 de toda a categoria. A direção do sindicato, porém, não quis aprovar nada na assembléia e achou melhor realizar uma reunião na sexta-feira com os demitidos para resolver os problemas, deixando alguns afastados sem saber o que fazer.

Foi informado, ainda, que iniciativas estão sendo tomadas na assembléia estadual e na câmara dos deputados.

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