Na noite desta segunda-feira, 6 de agosto, a Companhia do Metrô anunciou a demissão de 61 trabalhadores. Todos eles participaram da greve dos dias 2 e 3 de agosto, que teve quase 100% de adesão. A ordem veio diretamente do governador José Serra (PSDB). A medida é, explicitamente, uma represália ao movimento e faz parte de um plano para enfraquecer as próximas ações da categoria.

Com as demissões destes lutadores, foram promovidos vários “fura-greves”. Cinicamente, o governo nega que tenha sido perseguição. Entretanto, os fatos evidenciam essa hipótese. Entre os demitidos, estão todos os supervisores que aderiram à greve. Além disso, todos os 61 são ativistas. Estão entre eles diretores de base do sindicato, que não têm estabilidade reconhecida pela empresa, e diversos membros da oposição à atual diretoria da entidade.

Serra tenta recuperar “autoridade”
A arbitrariedade do governador é uma tentativa de recuperar-se das derrotas sofridas em seu mandato. Recentemente, a greve da Universidade de São Paulo (USP) mostrou força e resistência, fazendo o governo se dobrar e obrigando-o a “abafar”, pelo menos por enquanto, o projeto de privatização das universidades.

Nos bastidores, entretanto, as privatizações dos setores públicos – inclusive do Metrô – continuam sendo articuladas. Para implementá-las, Serra precisa reassumir o controle e a coação sobre o funcionalismo estadual. O governo já se prepara, por exemplo, para conter a mobilização dos professores estaduais, que têm greve marcada para 24 de agosto.

Os efeitos da privatização os metroviários conhecem bem: tiveram a triste experiência do desabamento das obras da futura estação Pinheiros, que deixou um saldo de oito vítimas fatais. A prova de que os interesses dos lucros são colocados acima dos interesses de trabalhadores e usuários do Metrô foi a operação “fura-greve” da semana passada. Colocando chefes e funcionários administrativos para operar trens, sem o mínimo preparo, o governo e a empresa causaram pelo menos dois acidentes. Como se não bastasse, o Metrô anunciou que vai implementar um sistema de operação de trens sem operadores.

Serra e Lula em sintonia contra o direito de greve
Ao demitir os metroviários grevistas, Serra antecipa o projeto de regulamentação das greves no serviço público, arquitetado por Lula e apoiado pela CUT. O projeto do governo federal impõe uma série de restrições às paralisações que, na prática, inviabilizam a realização das mesmas.

Na sexta, 3, no meio da greve, Serra ligou para o presidente para saber como está o projeto de regulamentação de greve no funcionalismo federal. A informação foi publicada na seção “Painel” do jornal Folha de S. Paulo. Lula, que está em viagem pela América Central, garantiu a Serra que conversariam no seu retorno ao Brasil, mostrando o quanto estão afinados quando se trata de atacar os trabalhadores.

Solidariedade
Nesta terça-feira, às 18h, acontece uma reunião aberta na sede do Sindicato dos Metroviários de são Paulo para decidir que ações serão tomadas para reverter as demissões. Também na tarde do dia 7, ativistas da categoria reúnem-se com a coordenação da Conlutas para organizar uma campanha de solidariedade e exigência de reintegração.

O PSTU repudia as demissões dos metroviários, bem como toda e qualquer perseguição política àqueles que lutam. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para ajudar a reintegrar estes companheiros. Chamamos todas as entidades, centrais e partidos de esquerda a construir uma luta unitária contra mais esse ataque do governo de José Serra/PSDB.

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