Desde o início de setembro, os metalúrgicos de Minas filiados à Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos e à CSP-Conlutas têm realizado uma forte jornada de mobilização por todo o estado. Já aconteceram protestos e paralisações em dezenas de cidades, como Pirapora, Várzea da Palma, Três Marias, Itaúna e muitas outras.

Paralisações e atos públicos estão sendo realizados nos locais de trabalho e em áreas de grande circulação da população, onde estão sendo denunciados os abusos da patronal e as reivindicações da categoria.

Centro-oeste
No dia 2 de setembro, o ato de lançamento da Campanha em Itaúna, cidade do Centro-Oeste mineiro, foi marcado por assembléias nas fábricas Saint-Globain e Arcellor Mittal. à tarde os metalúrgicos percorreram o centro de Itaúna onde foi entregue a pauta e uma carta no INSS do município.

São João Del Rei
No dia 6, foi a vez de São João Del Rei, onde ocorreram assembléias na LSM, Melt, Ligas Gerais, com participação de 100% dos trabalhadores, incluindo os do escritório. Na LSM houve atraso de 40 minutos na entrada dos turnos. Ainda pela manhã os metalúrgicos organizaram um ato unificado no centro de São João, em que participaram categorias em luta do município, como os servidores públicos municipais, professores da rede estadual e funcionários da universidade federal. Durante a manifestação também foi entregue um documento de reivindicações no INSS e terminou na entrada da UFSJR com ato de solidariedade aos funcionários em greve.

Itajubá
Em Itajubá, as mobilizações começaram na madrugada, onde os metalúrgicos da Delphi de Paraisópolis demonstram unidade e disposição de reverter o quadro em favor dos metalúrgicos. Á tarde foi realizada uma grande manifestação no distrito industrial e na portaria da Mahle. Em seguida foi realizada uma grande manifestação no centro da cidade com passeata finalizada na Câmara Municipal. Nesta última foi solicitada a realização de uma audiência pública para cobrar investimentos nas áreas sociais do município, pois, com a previsão de grandes investimentos a cidade corre um grande perigo de inchaço e colapso dos serviços públicos.

Reivindicações
Dentre as principais exigências dos metalúrgicos, estão aumento salarial de 20%, eleições de delegados sindicais, 36 horas de jornada semanal sem redução de salários e sem banco de horas, maior cuidado com a saúde e a segurança nos locais de trabalho e manutenção dos direitos historicamente conquistados pela categoria.

A patronal vive uma situação econômica que a permite atender tranquilamente as reivindicações. Nos últimos anos aumentaram bastante a produtividade e, em geral, a indústria mineira tem crescido acima da média nacional. A imprensa tem divulgado que o lucro líquido aumentou 30% somente no primeiro semestre deste ano. Pesados investimentos foram anunciados nos setores automotivo e siderúrgico do Estado. Para os próximos dois anos estão previstos investimentos na ordem de 100 bilhões de dólares, principalmente nas indústrias metalúrgicas.

Além disso, o governo federal e estadual tem concedido isenções de impostos e incentivos financeiros que aumentam entregam mais dinheiro público para engordar os lucros das empresas, como no programa Brasil Maior, lançado recentemente pelo governo federal e apoiado por centrais sindicais pelegas como a CUT e a Força Sindical.

Aumentam o ritmo de trabalho, os acidentes e o arrocho
Diferente da bonança desfrutada pelas empresas, os trabalhadores tem enfrentado uma situação nada boa. Os salários pagos no estado são a metade dos salários de São Paulo, por exemplo. Com a enxurrada de crédito no mercado nos últimos anos, hoje é muito difícil encontrar algum trabalhador que não esteja endividado. Essa situação se agrava com a alta da inflação e a carestia dos alimentos, que atingem principalmente os mais pobres.

Dentro das empresas é aplicado um programa de reestruturação produtiva permanente que a cada ano garante saltos na produtividade por meio do aumento da exploração. O ritmo de trabalho é infernal e a pressão da chefia se traduz no assédio moral constante contra os operários.

Só para se ter uma idéia, cada trabalhador fatura para os patrões cerca 735 mil dólares ao ano no setor automotivo. Enquanto isso, os salários na FIAT, por exemplo, que é a principal montadora de automóveis do país, não passa de 2 mil reais por mês, em média.

Outro aspecto que mostra de onde vem estes fabulosos lucros é o aumento do número de acidentes e das doenças relacionadas ao trabalho. Este ano já morreram pelo menos 2 trabalhadores somente em Várzea da Palma, vítimas de acidentes no trabalho. Além disso, existe suspeita de uma epidemia de silicose em todo o estado.

Indignação é o combustível da Campanha Salarial
Como se não bastasse, além de suportar as duras penas a situação nos locais de trabalho, as famílias dos trabalhadores também enfrentam uma realidade nada confortável. As escolas públicas são sucateadas, com professores recebendo salários miseráveis, sendo obrigados a recorrer a mais de 100 dias de greve. A saúde pública também vem num constante processo de privatização e sucateamento do SUS, com a aprovação das parcerias público-privadas. Além disso, em diversas cidades, os serviços públicos estão praticamente paralisados por conta de diversas denúncias de corrupção.

Por tudo isso, nas atividades da Campanha Salarial Unificada, os Metalúrgicos tem demonstrado grande insatisfação tanto com a situação dentro das empresas quanto com os problemas vividos por toda população trabalhadora.

Avançar na organização
Os próximos passos da Campanha Unificada dos Metalúrgicos de Minas Gerais será intensificar ainda mais as assembléias e mobilizações em todos os municípios. Vamos seguir adiante para mostrar para a patronal que não estamos para brincadeira e vamos colocar o bloco dos metalúrgicos na rua.