No dia 9 de agosto, sábado, foi realizado o Seminário de Campanha Salarial no Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à Conlutas. Os metalúrgicos de SJC, Campinas, Limeira e Santos estão em Campanha Salarial Unificada. Definiram conjuntamente as exigências que farão à patronal, além de fortalecerem a luta através da união entre trabalhadores de diferentes lugares. Estiveram presentes, também, trabalhadores que representam a oposição sindical de diversas regiões do estado de São Paulo, tais como: Taubaté, Pindamonhangaba, Grande ABC, São Carlos, São Paulo, entre outras cidades.

O principal objetivo do seminário era a elaboração de um plano de mobilizações unificado para esse período, onde, geralmente, a relação entre o trabalhador e o patrão se torna ainda mais conflituosa. De um lado, o trabalhador tentando se organizar para reivindicar um aumento de salário que, por maior que seja, nunca será compatível com o valor de seu trabalho. Do outro, está o patrão, tentando de todas as formas aumentar ainda mais a exploração contra a classe operária, propondo reajustes rebaixados e acordos que visam flexibilizar ainda mais os direitos do trabalhador.

Lucros crescem, salários diminuem
A alta da inflação no último período está diminuindo ainda mais o poder de compra dos salários. Com isso, a reposição das perdas com a inflação passou a ser o grande foco de exigência dos trabalhadores, pautando as mesas de negociação entre as empresas e os sindicatos.

Os sindicatos que estão na Campanha Salarial Unificada exigem 18,83% de reajuste. Esse valor é a soma da inflação no último ano medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) com a média de crescimento da indústria no mesmo período.

Basta perguntar a qualquer trabalhador da indústria a quantas anda o ritmo da produção, e logo se saberá que as empresas estão produzindo e lucrando como nunca à custa da exploração do trabalhador. Porém a maioria dos sindicatos, como, por exemplo, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT), lançaram o chamado de “reposição das perdas da inflação”, obrigados pela forte pressão de sua base. Não citam, contudo, nenhum índice ou proposta de reajuste. Ou seja, vão adiar ao máximo esse debate com os trabalhadores, faltando menos de dois meses para o término da campanha salarial, além de propor um “acordo” com a patronal. O que é ainda pior: a CUT faz uma campanha de “valorização do trabalho”.

Esse acordo seria mais ou menos assim: os trabalhadores entram com o suor, e o patrão sai com o bolso cheio, mas deixa uma esmola de uns míseros ‘por cento’ de aumento. É preciso exigir dessas direções que divulguem o índice que utilizarão nas negociações, e que não se contentem com a reposição da inflação num momento de crescimento dos lucros da indústria.

Gatilho salarial
Outra exigência que se faz iminente nesse período de alta inflação é o recurso do gatilho, que nada mais é do que a reposição automática das perdas com a inflação no salário, exigência mínima dos trabalhadores nos anos 1980. Os sindicatos que participam da Campanha Salarial Unificada propuseram um gatilho a cada 3% de aumento da inflação. Já os sindicatos ligados à CUT dizem que ainda não é o momento de propor o gatilho. Levando-se em consideração que todos os aumentos obtidos na última campanha salarial já foram roubados pela inflação, conclui-se que o momento já está atrasado.

O seminário propôs, ainda, para o dia 20 de agosto, em São José dos Campos, um Ato de Unificação das Campanhas Salariais, que será realizado juntamente com o Ato pela Liberdade de Organização dos Trabalhadores e Contra o Gansterismo Sindical. Esse último, em resposta ao atentado aos trabalhadores da construção civil na sede da Conlutas do Vale do Paraíba (SP), ocorrido no último 1º de agosto.

É preciso que a campanha salarial seja utilizada como mais um momento de luta da classe trabalhadora contra a exploração dos patrões. A classe operária, quando unida, tem muito mais força para lutar contra o grande capital, daí a importância da unificação das campanhas salariais. Também é imprescindível denunciar as direções sindicais pelegas, que fazem acordos que vão contra os trabalhadores, e apoiar os grupos de oposição desses sindicatos que estiverem realmente comprometidos com os interesses da classe operária.

Reivindicando a famosa, mas nunca velha citação de Karl Marx, no Manifesto Comunista: “proletários de todo o mundo, uni-vos!”

Post author Nestor Andrade, de São Paulo (SP)
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