A núncio de demissões, férias coletivas, licença remunerada, lay-off (trabalhador recebe parte do salário enquanto estiver afastado). Essa é a realidade dos que hoje trabalham nas montadoras.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, de 14/07/02: “A queda de até 20% nas vendas nos primeiros meses de 2002, em comparação a 2001, agravada em maio e junho pela instabilidade econômica e as incertezas do consumidor, está levando empresas como Volkswagen, General Motors e Ford a paralisarem a produção com férias coletivas ou medidas semelhantes. São os primeiros passos para demissões em massa, segundo avaliações de especialistas para a Folha”.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos Luiz Carlos Prates, o Mancha, a crise nas montadoras é um reflexo da crise econômica pela qual vem passando o país. “O arrocho salarial, o aumento das tarifas, o desemprego, a falta de confiança na política do governo, os preços e juros altos. Todos esses fatores provocam a queda no consumo, que por sua vez afetam os lucros dos empresários, e estes, para não perderem, jogam a conta nas costas dos trabalhadores”.

Os metalúrgicos das principais montadoras do país vêm sentindo o tranco da crise. A GM de São José dos Campos deu férias para 2.500 trabalhadores em junho e repetirá a dose de 29 julho a 7 de agosto. Com a Volks não foi diferente. A fábrica ficou sem funcionar por quatro dias em julho e pretende operar com a semana reduzida no próximo mês. A GM de São Caetano, que havia anunciado 808 demissões, está negociando com os sindicalistas, que estão propondo desde férias, licença remunerada a banco de horas. A Scania de São Bernardo chegou a demitir 60 trabalhadores, mas recuou das demissões e abriu PDV (Plano de Demissão Voluntária); mas, se não atingir o número de dispensas, já anunciou que retomará as demissões em novembro.

Ainda segundo Mancha, outro fator importante na onda de demissões nas montadoras e redução de direitos é a própria reestruturação das empresas. A Ford, Volks e GM, por exemplo, já abriram unidades em outros estados como Bahia, Rio Grande do Sul, com incentivos dos governos e, nem por isso, garantem os mesmos salários ou direitos.

“Por isso, é necessário que a CUT convoque uma mobilização unificada nas montadoras para impedir este ataque aos trabalhadores. Só com a unificação das lutas poderemos exigir estabilidade no emprego e redução da jornada sem redução salarial, defendendo também a garantia dos direitos em todas as unidades”.

O candidato a governador pelo PSTU ao Estado e São Paulo, Dirceu Travesso chegou a ir até a assembléia dos trabalhadores da GM de São Caetano. Para Dirceu, além da campanha unificada como defendeu Mancha, é necessário derrotar a política econômica do governo que privilegia os empresários e aplicar uma política que atenda as reivindicações dos trabalhadores. “Ainda que haja quedas nas vendas, as empresas continuam com altíssimos lucros, há gordura para queimar; os trabalhadores, no entanto, perdem a garantia de sustento de suas famílias, inflando o índice de desemprego, o qual só na Grande São Paulo já está beirando 20%, segundo o DIEESE-Seade. Essa é a política que tem de ser implementada: redução dos lucros da patronal e garantia de emprego, salários e direitos trabalhistas”


Post author Cláudia Costa, de São José dos Campos
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