O IX Congresso da Federação Sindical e Democrática dos Trabalhadores Metalúrgicos ocorreu entre os dias 25 e 27, e decidiu abrir o processo de consulta às bases sobre a desfiliação da CUTO Congresso ocorreu sob a ameaça de divisão da entidade, referência de luta e organização dos metalúrgicos mineiros, e que esteve na vanguarda da construção do ato do dia 16, em Brasília. Um grupo de dirigentes da entidade, que compõe o bloco governista formado pelas correntes Articulação Sindical, Corrente Sindical Classista e CUT Socialista e Democrática, convocou um Congresso paralelo na mesma data, desrespeitando as decisões da plenária estatutária da Federação.

Inconformados com a posição adotada pela Federação de combater as reformas Sindical e Trabalhista e impulsionar a organização da Conlutas, esse grupo preferiu romper a unidade. A manobra não surtiu efeito. 90 delegados e 23 observadores de 20 sindicatos (de um total de 29 filiados à Federação) de todas as regiões do estado compareceram ao Congresso.

Manifesto chama à construção de uma nova direção

A principal resolução política do Congresso foi o chamado à construção de uma alternativa de direção para o movimento sindical brasileiro, ante a falência da CUT. O manifesto aprovado faz uma avaliação bastante crítica da Central. Resgata o seu surgimento como uma Central construída pela base, para ser um instrumento de luta dos trabalhadores em nosso país.

Destaca o posterior afastamento da CUT dessas concepções e a adoção de um tipo de ação sindical baseada na conciliação de classes afastando-se das lutas dos trabalhadores.

A ascensão do governo Lula produziu um salto nessa transformação. Apesar de suas origens, Lula continuou a implementar a mesma política do governo FHC, aprofundando a aplicação do receituário do FMI. A CUT hoje está integrada à base de sustentação do governo e usa a sua autoridade para frear as lutas e dar legitimidade ao governo. Foi assim no episódio da reforma da Previdência.

A democracia se transforma em letra morta na vida da Central. Os congressos nacionais são totalmente controlados pela direção. Eleições fraudadas nos sindicatos com o apoio da direção expressam a cara truculenta dessa política.

A reforma Sindical se encaixa nesse quadro que vive a CUT – uma tentativa de concentrar na cúpula o controle do processo de negociação e contratação sindical. A iniciativa de divisão da Federação em Minas já é, de fato, uma antecipação da aplicação das regras dessa reforma.

Esse quadro é irreversível e já adquiriu uma base material, sustentada nos cargos ocupados por dirigentes e ex-dirigentes da CUT na administração federal e nos fundos de pensão.

Por essas razões, o Congresso decidiu abrir um processo de discussão visando à desfiliação da CUT e a construção de uma nova alternativa. A decisão deverá ser tomada após amplo debate nas bases de cada sindicato. Aprovou, ainda, seguir na luta contra as reformas, no apoio às campanhas salariais das categorias e na participação na Campanha contra a Alca, a Dívida e a Militarização. O Congresso reafirmou o apoio à Conlutas.

Post author Sebastião Carlos, Cacau, de Belo Horizonte (MG)
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