Organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos, a caravana de trabalhadores da LG Philips, que esteve em Brasília na última quinta-feira, fez uma série de contatos com autoridades do Executivo e parlamentares em busca de conquistar aliados contra o fechamento da empresa, previsto para agosto.

Dois ônibus, com cerca de 100 trabalhadores da empresa, deixaram São José dos Campos (SP), na noite de quarta-feira. A caravana chegou a Brasília (DF) por volta do meio-dia, na quinta, e logo se dividiu em grupos para dialogar com parlamentares e membros do governo.

Um grupo de operários já estava na capital do país para adiantar os contatos. Também compôs o grupo os vereadores Tonhão Dutra (PT), Wagner Baleiro (PT) e Zé Luis (DEM).

Em reunião com o secretário executivo do Ministério do Trabalho, o ex-governador Ronaldo Lessa, na quarta, os trabalhadores expuseram a situação da LG Philips, que agora utiliza o nome de “LP Displays” para poupar as conhecidas marcas do desgaste de eliminar pelo menos 2.500 postos de trabalho no país.

Lessa assegurou que o ministério vai investigar a empresa, que anunciou que pretende produzir seus produtos na China e depois importá-los ao Brasil. Isso é proibido pela legislação brasileira. Também será apurado quanto o governo deu de “incentivos fiscais” à fábrica sul-coreana.

O secretário ainda disse que marcaria uma nova reunião com os trabalhadores na próxima semana, na quarta ou quinta-feira, desta vez com o titular da pasta, o ministro Carlos Lupi (PDT), que estava viajando.

Parlamentares
A comissão de trabalhadores ainda falou com o senador Eduardo Suplicy (PT), que discursou, na tribuna do Senado, na quarta e quinta, contra o fechamento da fábrica. O deputado Ivan Valente (PSOL) também fez um pronunciamento na Câmara dos Deputados.

Os operários da LG Philips conversaram e entregaram dossiês ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT), que disse, inclusive, que poderia visitar a empresa no começo de julho. Também foram procurados os deputados Emanuel Fernandes (PSDB), Jilmar Tato (PT) e Paulo Pereira da Silva (PDT) e o senador Aloísio Mercadante.

“A iniciativa do Sindicato foi muito importante, porque expôs a diversas autoridades a brutal iniciativa da LG Philips, que, depois de lucrar muito e ter muitos incentivos do Estado, quer colocar na rua milhares de trabalhadores”, afirmou o presidente do Sindicato, Adílson dos Santos, o Índio, que também esteve na caravana.

Em assembléias realizadas na sexta-feira, os metalúrgicos foram informados sobre o que aconteceu durante a caravana à Brasília. Desde quinta-feira, a produção da empresa e os balanços estão sendo fiscalizados por uma comissão de trabalhadores.