Os trabalhadores da GM de São José dos Campos, depois de uma greve de 24h e diversas mobilizações, chegaram a um acordo com a montadora que garantiu reajuste de 10,8%, abono de R$ 3 mil e avanços em várias cláusulas sociais. A proposta é superior ao acordo fechado no ABC paulista, com as montadoras, na semana anterior.

Histórico
Logo no início da campanha salarial, sem realizar nenhuma mobilização, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT) fechou um acordo inferior aos anos anteriores.
O acordo prevê um aumento real de 2,42%, abono de R$ 2.500 e tem a duração de dois anos. Acontece que este reajuste é inferior aos obtidos nos últimos quatro anos, que variaram de 3,5% a 4,6% de ganho real.

Para o Sindicato da CUT, o mais importante nesta campanha é defender a “indústria nacional”, frente ao crescimento das importações de veículos. Por isso, fizeram um pacto com os patrões, anteciparam as negociações e tentaram colocar um teto máximo de reajuste para as campanhas salariais deste segundo semestre.

Ao mesmo tempo, o governo fez uma intensa campanha de que era necessário que os trabalhadores moderassem suas reivindicações salariais para “não gerar inflação e preparar para a crise”. As montadoras anunciaram férias coletivas em alguns lugares, alegando estoques altos, numa tentativa de fazer pressão sobre o governo para obter mais concessões e inibir as mobilizações dos trabalhadores.

Rompendo o cerco
Frente a esse cenário, os metalúrgicos da GM não se intimidaram. Perceberam que apesar da choradeira e das chantagens das empresas, o Brasil é o verdadeiro paraíso das montadoras e, com os altos lucros e faturamento do setor, era possível superar o acordo rebaixado do ABC.

Diante da proposta patronal que queria impor a mesma proposta do ABC, os metalúrgicos da GM de São José fizeram uma forte paralisação de 24h, que chegaria a uma greve por tempo indeterminado caso não houvesse um recuo da empresa. Com a mobilização, conquistaram um aumento real de 3,2% e abono de R$ 3 mil, rompendo a barreira imposta pelo acordo do ABC. Em Campinas, na Honda e Toyota, também com luta, os metalúrgicos superaram o acordo da CUT.

As lições
O reajuste conquistado em São José dos Campos e Campinas poderia ser ainda maior se houvesse uma luta unificada dos metalúrgicos de todo o estado. Isso não foi possível pela política do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que privilegiou um pacto com os patrões e ajudou o governo a conter as lutas salariais.

A luta dos metalúrgicos de São José dos Campos, Campinas, Limeira e Santos mostrou que é possível superar a trava imposta pela direção majoritária do movimento e conquistar reajustes maiores, aumentando a consciência dos trabalhadores sobre a necessidade de construir uma nova direção para o movimento operário.

Em São José, os metalúrgicos se organizaram em Comandos de Mobilização, que estão se reunindo nas fábricas e no Sindicato, e estão à frente da campanha salarial, o que tem possibilitado uma ampla participação da base.

Em outras empresas, a campanha continua. Greves estão acontecendo em várias fábricas a partir da vitória obtida na GM. Os trabalhadores seguem dizendo: “O Brasil cresceu, eu quero o que é meu”.

Post author Luiz Carlos Prates, o “Mancha”, de São José dos Campos (SP)
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