O aumento da exploração e do ritmo de trabalho junto à política de isenções fiscais do governo Lula está fazendo as montadoras lucrarem como nunca no Brasil. Os acordos salariais reivindicados pelos trabalhadores são mais do que justos e não ameaçam em nada a lucratividade das multinacionais.

Em várias regiões crescem as mobilizações e as greves dos metalúrgicos, especialmente nas montadoras que estão conquistando acordos salariais vitoriosos. A inflação oficial, de acordo com o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), está em torno de 4,3%, mas estes acordos salariais chegam ao índice de aumento real que superam o dobro da inflação.

Os metalúrgicos da GM de São José dos Campos (SP) e São Caetano (SP), que realizaram este ano uma mesa de negociação única por proposta do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (CSP–Conlutas), saíram na frente e fecharam acordo com 9% de reajuste em setembro e R$ 2.200 reais de abono, já pago no dia 17 de setembro. O mesmo acordo fechado está semana na Ford de Camaçari (BA).

No ABC, depois de os trabalhadores rejeitarem a proposta da direção cutista do sindicato, foi conquistado um reajuste de 10,81%, compensando o acordo salarial do ano passado, quando os trabalhadores das montadoras do ABC tiverem acordo salarial abaixo do conquistado pela GM de São José, e abono de R$ 2.200, pago somente em outubro.

Na Renault do Paraná, depois de uma greve, os trabalhadores conquistaram 10,5% de reajuste e R$ 4.200 de abono. Em Campinas (SP) os trabalhadores da Toyota rejeitaram proposta de 10% sem abono e entraram em greve e mobilização.
Refletindo realidades diferentes de região para região e de empresa para a empresa, os metalúrgicos estão em luta, muitas vezes passando por cima de suas direções, obtendo expressivas vitórias.

Operários da GM em São José mostram o caminho
Já no ano passado, os trabalhadores da GM de São José dos Campos conquistaram um reajuste acima dos acordos fechados na maioria das montadoras do país. A luta por uma campanha unificada de todos os metalúrgicos de São Paulo, como um passo para unificar a campanha de todos os metalúrgicos brasileiros, sempre foi a política do sindicato de São José dos Campos e da CSP-Conlutas.

Neste ano, a campanha salarial unificada do Sindicato dos Metalúrgicos de São José com os sindicatos de Campinas, Santos (SP) e Limeira (SP), com o Sindicato de São Caetano, conquistou o primeiro acordo que rompeu com o patamar de 7% que estava sendo negociado com as montadoras do ABC e com a Ford de Camaçari (BA).
Outra conquista importante na GM foi a extensão da licença maternidade para 180 dias e o aumento no auxílio creche. Após o acordo salarial fechado em São José e São Caetano, outras montadoras, com luta e mobilização dos trabalhadores, estão fechando acordos salariais iguais e até superiores ao da GM.

No ABC, derrota da direção cutista
No dia 18 de setembro, cerca de 3.500 trabalhadores das montadoras do ABC rejeitaram de forma unânime a proposta defendida pela direção cutista do sindicato. A proposta limitava o reajuste deste ano a 9%, adiando a compensação dos 1,66% somente para agosto 2011, índice que as montadoras do ABC tiveram a menos do que a GM de São José no ano passado, além de dividir o pagamento do abono de R$ 2.200 em duas parcelas.
Depois da rejeição na assembléia, em nova negociação, a patronal cedeu o reajuste de 10,81% (9% de reajuste deste ano e a compensação de 1,66% do ano passado) e o abono sendo pago em uma parcela em outubro. Mais uma vez, os metalúrgicos das montadoras do ABC mostram a força de sua mobilização e organização, superando inclusive a política entreguista e de parceria entre as empresas e a direção cutista do sindicato.

Unidade para conquistar mais
Apesar dos acordos salariais vitoriosos deste ano, a campanha salarial deixa novamente uma lição política muito importante: somente unificando as lutas de todos os metalúrgicos de São Paulo e do Brasil, será possível arrancar acordos salariais ainda mais vitoriosos e de conquistas de direitos como a redução da jornada de trabalho sem redução e salários e o fim do banco de horas.

Para isso, é precioso derrotar a política divisionista da CUT e da diretoria do Sindicato do ABC. Nesse sentido, tem sido cada vez mais importante a política de unificação das campanhas salariais defendida pelos metalúrgicos de São José dos Campos e pela CSP-Conlutas.
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