Nem bem começou o ano e o governo Lula já enfrenta sérios desgastes perante a opinião pública e os movimentos sociais. A execução de Dorothy Stang, a onda de assassinatos contra lideranças camponesas no Pára e a violenta repressão contra os sem-teto em Goiânia põem a nu a impunidade e a crescente polarização social no país.
Listas feitas por latifundiários, com mais de 160 pessoas marcadas para morrer, só podem mesmo aparecer diante de um quadro de total certeza de impunidade. O governo do PT nunca intimidou o latifúndio, pelo contrário, ao se aliar aos seus maiores representantes, defendendo os coronéis do agronegócio e colocando a reforma agrária em total paralisia, torna-se cúmplice de suas ações.

No governo “social” do PT já tombaram mais líderes camponeses do que nos três últimos anos de FHC. Lula abandonou os sem-terra à sua própria sorte, deixando que sejam vítimas da bandidagem do latifúndio. Agora, diante da repercussão internacional, o governo tenta fazer “média”, promovendo a intervenção do Exército no Pára, o que, certamente, trará mais repressão aos trabalhadores e não resolverá o problema algum.

Se Lula já não tem feito muita coisa pela reforma agrária, quanto aos problemas de moradia, então, nem se fala. O desemprego e a miséria têm engrossado as fileiras de sem-teto em todo o país. O descaso do governo tem se refletido no aumento da luta dos sem-teto.

As degradantes cenas da violenta desocupação em Goiânia poderiam ter sido evitadas pelo governo, pois sabia-se sobre a reintegração de posse dias antes da ação da PM. No entanto, mais uma vez o governo não fez nada.

Outra grande desmoralização, não só do governo, mas do conjunto da democracia burguesa, foi à eleição do picareta Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara. Severino representa a cara podre do parlamento, suas negociatas e trambiques.

Sem o menor constrangimento, o deputado declarou à imprensa, logo após se tornar uma das figuras mais “importantes” da República, como funciona a esculhambação no Congresso: “Um recebe dez, outro recebe 15, outro recebe 20, outro 30 mil…”.
A manutenção da política econômica neoliberal vai aprofundar os problemas sociais no campo e na cidade, com o aumento da miséria e do desemprego. Mais lutas surgirão esse ano. A frustração de milhões de trabalhadores com o governo Lula fornece o combustível necessário para a explosão dessas lutas.

No dia 2 de março, o governo pretende enviar ao Congresso o projeto de reforma Sindical que dará maiores poderes às cúpulas sindicais para barganharem os direitos dos trabalhadores com os patrões. No meio do ano, o governo pretende aprovar a reforma Universitária, que vai transformar a educação em mercadoria e beneficiar os tubarões do ensino pago. É preciso organizar o combate contra as reformas.

Para isso a Conlutas definiu um plano de mobilizações, com uma semana de lutas nesse semestre e uma marcha à Brasília na segunda metade do ano.

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