Nem mesmo a forte chuva que desabou em Natal nesta quinta-feira impediu os trabalhadores e trabalhadoras de saírem às ruas para protestar neste 1º de Maio, Dia de Luta da Classe Trabalhadora. Numa caminhada que saiu do estádio Arena das Dunas e seguiu por quase toda a Av. Salgado Filho, o ato público reuniu professores, servidores federais, estudantes, vigilantes, bancários e servidores municipais da saúde, que estão em greve junto com outras categorias.

A manifestação exigiu que a presidenta Dilma (PT), a governadora do RN, Rosalba Ciarlini (DEM), e o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), parassem de gastar recursos públicos com a FIFA e os bancos e passassem a investir em saúde, educação, moradia, transporte e reforma agrária. O protesto atacou os governos pelos absurdos gastos com a Copa do Mundo, que já somam cerca de R$ 34 bilhões em todo o país, o custo final do estádio Arena das Dunas, que deverá alcançar R$ 1,5 bilhão, e a criminalização que vem sofrendo os movimentos sociais e os protestos.

“Da Copa eu abro mão!”
Nas muitas faixas e palavras de ordem do ato, trabalhadores e jovens demonstraram uma sintonia fina. “Da Copa abro mão, eu quero investimento para saúde e educação” e “Dilma, escuta, na Copa vai ter luta” revelaram porque 76% das pessoas estão insatisfeitas com as prioridades dos governos voltadas para a Copa. “Nós estamos aqui ao lado dos trabalhadores para dizer que a luta de vocês é a nossa luta, porque nós queremos 10% do PIB para a educação, nós queremos o passe-livre e saúde pública de qualidade.”, afirmou Géssica Regis, da Assembleia Nacional de Estudantes Livre (ANEL).

No protesto, os estudantes reivindicaram o passe-livre no transporte e denunciaram a ganância do Seturn (Sindicatos dos Empresários de Ônibus), que já anunciou que pretende aumentar a passagem. O Movimento Mulheres em Luta (MML) também marcou presença, com reivindicações por mais investimentos em políticas de segurança às mulheres e combate ao machismo.


Simone Dutra e Amanda Gurgel

A professora e vereadora de Natal, Amanda Gurgel (PSTU), participou de todo o ato do 1º de Maio em apoio às reivindicações das diversas categorias de trabalhadores que foram às ruas. Amanda criticou o prefeito Carlos Eduardo por estar endividando o município para garantir a Copa, enquanto os serviços públicos sofrem com o descaso e os servidores com os salários de miséria. “Carlos Eduardo e sua bancada na Câmara aprovaram empréstimos milionários para as obras da FIFA, mas deixaram a saúde, a educação e os servidores à míngua, com uma proposta de reajuste de vergonhosos 2%. Um absurdo.”, denunciou a vereadora.

Pré-candidata do PSTU ao governo do estado, a enfermeira Simone Dutra também participou do protesto e lembrou a importância e o significado do 1º de Maio. “Infelizmente, nós não temos nada a comemorar. O ato de hoje é de luta da classe trabalhadora. É necessário lutar contra o sistema que está aí. Continuamos produzindo as riquezas desse país, mas que beneficiam apenas os ricos, os patrões e agora a FIFA. Para o povo, sobra só a exploração no trabalho. Precisamos mudar isso! O PT não mudou, apenas repetiu o PSDB, com privatizações e descaso nos serviços públicos. Para os trabalhadores começarem a ganhar, a burguesia tem que começar a perder.”, afirmou Simone.

Encontro Na Copa Vai Ter Luta
Enquanto centrais sindicais ligadas aos governos, como a CUT e a CTB, realizavam festas e sorteios, o ato político “Na Copa Vai Ter Luta” trouxe à tona a situação precária dos serviços públicos, os baixos salários dos trabalhadores e os investimentos escandalosos que estão sendo feitos para o mundial da FIFA. Em Natal, a manifestação foi convocada por dezenas de entidades e movimentos sociais que preparam os protestos durante a Copa do Mundo, como a CSP-Conlutas, a Intersindical, Sindsaúde, Sintest, Sinasefe, Sindforte, Sinai, Sindicato dos Bancários, Sitoparn, entre outros. A juventude também organizou o ato, através da ANEL, do Juntos e do Coletivo Construção.

As mesmas entidades que prepararam o ato do 1º de Maio desta quinta agora já se concentram na organização do encontro “Na Copa Vai Ter Luta”, que será realizado no próximo dia 10 de maio, na Faculdade de Farmácia da UFRN, próximo do Hospital Onofre Lopes (HUOL). O objetivo é reproduzir o encontro que foi feito em São Paulo, com 2.500 pessoas, para preparar a jornada de lutas durante os jogos da Copa do Mundo, em Natal.

Ao final do ato, foi servida uma feijoada aos trabalhadores e estudantes.