Em 2012 governo concedeu o equivalente a R$ 45 bilhões em isenção fiscalMesmo com todos os incentivos e isenções fiscais concedidos pelo governo em 2012, a produção industrial fechou o ano em queda de 2,7%. Esse foi o pior resultado desde 2009, quando o setor registrou retração de 7,4% como reflexo da crise econômica internacional. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e foram divulgados no dia 1º de fevereiro.

O resultado de dezembro de 2012 representa uma diminuição de 3,6% comparado ao mesmo mês de 2011. Apesar da queda generalizada, um dos dados mais preocupantes refere-se ao setor de Bens de Capital, ou seja, máquinas e equipamentos, que teve uma drástica redução de 11,8%. Isso significa uma queda nos investimentos da indústria, afastando do horizonte uma retomada na produção.

Dos 27 ramos pesquisados pelo IBGE, 14 registraram queda. A produção de veículos, por exemplo, sofreu uma redução de 13,5%, influenciado principalmente pelo mal resultado no setor de caminhões e ônibus, além de autopeças e motores. Mas não foi apenas a produção de bens duráveis que sofreu queda. A produção de alimentos diminuiu 2,1% e vestuários, por sua vez, caiu 10,5%.

No primeiro semestre de 2012 a produção caiu 3,8%, fazendo acender a luz vermelha no governo, que ampliou sua política de isenções fiscais, como a isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). A medida, porém, atenuou a queda, mas não foi capaz de reverter a tendência de retração na indústria (no segundo semestre a queda foi de 1,6%), que já registra cinco trimestres consecutivos de retração.

Esgotamento
No ano passado, o câmbio valorizado era apontado como o responsável pela crise na indústria já que, com o Real caro, era mais difícil exportar e ao mesmo tempo enfrentar a concorrência dos produtos importados, que chegavam aqui mais barato. No entanto, equilibrado o câmbio, a queda persiste, mostrando que esse não é o real problema. Por um lado, a crise econômica prossegue nos EUA e Europa, prejudicando as exportações. Por outro, o consumo interno já demonstra esgotamento, com as famílias endividadas e alta taxa de inadimplência. Em janeiro deste ano 60,2% das famílias estavam endividadas. Já a inadimplência superava os 21,2%.

O governo, por sua vez, que já concedeu o equivalente a R$ 45 bilhões em isenções fiscais à indústria em 2012, promete ampliar a medida para este ano, mesmo que isso não tenha servido para reverter a crise no setor. E o povo continuará pagando para manter os lucros dos empresários.