O que é afinal o Mercosul? É um ponto de apoio para a resistência à globalização e ao imperialismo, como afirmam PT, PCdoB e todos os setores da esquerda reformista?
Na verdade, o Brasil é uma espécie de plataforma de exportações para as multinacionais, e o Mercosul é parte dessa estratégia da globalização.

A serviço das multinacionais
Fundado em 1991, com o Tratado de Assunção, o Mercosul deslanchou em 1995, depois do Protocolo de Ouro Preto, e cresceu no governo FHC, junto com a onda da globalização.

Cerca de 95% do comércio entre os países do Mercosul realiza-se completamente livre de barreiras tarifárias. Esse acordo, porém, junta países desiguais: o Brasil tem 77,4% do PIB da região, a Argentina 20,0%, o Uruguai 1,7%, e o Paraguai 0,9%. A abertura tarifária beneficia claramente o Brasil. Mas não se trata de um benefício para o “Brasil”, e sim para as grandes empresas multinacionais aqui instaladas, que podem exportar seus produtos para os países do Mercosul, sem nenhuma tarifa, condenando à falência as empresas desses países.

O Brasil exporta para os países imperialistas essencialmente matérias-primas e produtos agropecuários, como soja, carne e ferro. A exportação de produtos industrializados, com maior valor agregado, é feita para a América Latina.

O Mercosul, portanto, longe de ser um ponto de resistência ao imperialismo, é parte da divisão internacional de trabalho imposta por ele, para garantir um mercado para os produtos das indústrias multinacionais aqui instaladas, que não poderiam garantir-se só com o mercado interno brasileiro. Cerca de 36% das exportações brasileiras para o Mercosul são de automóveis, máquinas e produtos elétricos.
Isso significa que as montadoras de automóveis, lavadoras, liquidificadores, etc. (quase todas multinacionais) tenham aqui um mercado fundamental.

Existem pequenos atritos entre as propostas do governo brasileiro e do governo Bush, ao redor do Mercosul. Por exemplo, Lula propôs que o Mercosul negocie em bloco a entrada na Alca, mas Bush foi contra. Isso se dá porque o Mercosul não engloba só empresas norte-americanas, mas também as européias, como a Fiat e a Volkswagen. Isso, portanto, não tem relação com “resistência ao imperialismo”.

Post author
Publication Date