“A Justiça é cega”. “O Estado é de todos”. “Votando, o povo decide o que fazer do país”. Essas ideologias, essas mentiras amplamente difundidas, têm um mesmo objetivo: facilitar a aceitação da dominação da grande burguesia, dos banqueiros e das multinacionais sobre os trabalhadores, através dessas instituições.

Volta e meia, no entanto, a verdade surge com força dos fatos do cotidiano, desmentindo essas falsas consciências. A absolvição do fazendeiro Bida, mandante do assassinato da freira Dorothy Stang mostra, mais uma vez, a quem serve a Justiça. O Opinião Socialista dedica suas páginas centrais a esse tema.

A polícia, por outro lado, reprime as greves dos trabalhadores e deixa livres os grandes ladrões e corruptos.

As eleições a cada dois anos são farsas tão grandes como a “imparcialidade” da Justiça. A grande burguesia financia a campanha do PT e do PSDB – e os aliados de cada um desses blocos – se assegurando que o governo eleito e a “oposição” tenham o mesmo programa. São campanhas milionárias, com apoio maciço das TVs e jornais, com as quais nenhum outro partido por fora destes blocos pode realmente competir.

A imagem da Justiça, como “neutra” e “imparcial” é apenas um disfarce necessário ao funcionamento do Estado. É tão verdadeiro como acreditar que o Congresso é realmente a “casa do povo”.

Na verdade, a grande burguesia indica e corrompe os juízes com a mesma facilidade com que elege ou compra os deputados e senadores. São os parlamentares eleitos com o dinheiro da burguesia que fazem as leis que serão depois aplicadas pelos juízes também corrompidos.

A manipulação das massas através de falsas consciências não é, evidentemente, um problema só nacional. O Estado de Israel, que está comemorando 60 anos, até hoje capitaliza o repúdio ao massacre dos judeus pelo nazismo no passado, para aplicar os mesmos métodos nazistas contra os palestinos no presente. Dedicamos nossas páginas internacionais a desmontar essa farsa.

O Estado tem dono. São os grandes burgueses, que controlam os parlamentares, os governos, os juízes e a polícia. Ao ter a propriedade das grandes empresas, com fortíssimo poder econômico, a burguesia pode também controlar o Estado.

Mas a burguesia é uma pequena minoria da população. Para exercer seu domínio numa “democracia”, necessita ter apoio das massas de trabalhadores. E isso se faz com líderes respeitados, que estejam de acordo em falar para as massas, mas agir em favor da grande burguesia.

O governo Lula é a demonstração mais categórica na história desse país de uma fraude semelhante. Para os que ficam indignados com as mentiras em que se apóia o Estado da burguesia, nada é semelhante à farsa do governo Lula: garantir lucros recordes para os grandes bancos e multinacionais, que lhe concederam a “honraria” do grau de investimento e, ao mesmo tempo, manter o apoio da maioria dos trabalhadores que acreditam que o governo tem uma “preocupação social com o povo”, pela origem de Lula.

Só as lutas diretas dos trabalhadores podem fazer com se possam superar essas mentiras, essas falsas consciências. Só com suas próprias experiências, eles poderão enxergar através das nuvens de mentiras e disfarces propositais do governo e da burguesia. A experiência direta nas greves faz com que se veja com clareza de que está a polícia, a Justiça o governo.

Por isso são tão importantes greves como a dos operários da construção civil de Fortaleza. Ou outras em curso, como a dos motoristas de Fortaleza ou professores do Pará. Por isso, também, é muito importante buscar uma coordenação nacional dessas lutas através do congresso da Conlutas, que acontecerá de 3 a 6 de julho em Betim, Minas Gerais.

Post author Editorial do Opinião Socialista Nº 338
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