Picaretas vendem votos e comemoram a vitória do ex-líder do governoO governo mergulhou fundo no lodaçal do Congresso para eleger Aldo Rebelo (PCdoB-SP) à presidência da Câmara. O ex-ministro da Coordenação Política foi eleito na quarta-feira, dia 28, após uma acirrada disputa com o candidato apoiado por PFL e PSDB, José Thomaz Nonô (PFL-AL).

Lula não poupou esforços para eleger Rebelo. Nem dinheiro. Participou diretamente das negociações políticas e todos os ministros dos partidos que encabeçam o escândalo do mensalão foram escalados para pressionar seus deputados. Severino, José Janene (PP-PR), Valdemar da Costa Neto (PL-SP), mensaleiros e corruptos de primeira ordem, também foram fundamentais nas articulações políticas que garantiram a vitória de Aldo.

Dando de ombros para os escândalos de corrupção o governo comprou o voto de deputados em plena luz do dia. É difícil saber exatamente quanto o governo gastou no mensalão que elegeu Aldo. Sabe-se, contudo, que os gatos estiveram na casa dos bilhões.

Super-mensalão
O governo liberou cerca de R$ 800 milhões do Orçamento, dos quais R$ 500 milhões foram para emendas parlamentares. Para conseguir obter o apoio do PL, o partido de Costa Neto, o Planalto se comprometeu a liberar R$ 1 bilhão ao Ministério dos Transportes. No dia da votação, Lula prometeu ao PP, de Severino, que o Ministério das Cidades receberia R$ 950 milhões e ainda negociou cargos no segundo escalão desse ministério. Até mesmo os deputados mensaleiros que renunciaram ou foram cassados receberam um novo mensalão do governo. Roberto Jefferson, Severino e Costa Neto receberam cada um, em emendas e subvenções, algo em torno de um milhão. “O governo já arriou as calças mesmo, agora a gente não precisa mais pisar em cima dele”, ironizou o deputado João Caldas (PL-AL), sobre as bilionárias liberações.
Por essas cifras é possível dizer, sem exagero, que a eleição de Rebelo foi um dos mais escancarados escândalos de corrupção da história do Congresso Nacional.

‘Ganhamos!’
Depois de dezenas de derrotas políticas o governo ganhou uma. Para isso recorreu aos velhos métodos da democracia dos ricos e corruptos.

A oposição burguesa (PSDB e PFL), por sua vez, distribui hipócritas declarações “contra a corrupção” para aparecer como arautos da “ética”. Nada mais falso e nojento. No governo do PSDB/PFL, as reformas neoliberais e a emenda da reeleição do governo Fernando Henrique foram todas aprovadas na base do mensalão.
O que estava em jogo nas eleições da Câmara era quem iria conduzir o acordão para sepultar a crise política. A tarefa agora recai sobre as costas de Rebelo, que se apressou em declarar: “terei coragem e isenção para defender quem não tiver culpa”. É escandaloso que não exista a menor diferença de qualidade no pronunciamento de Rebelo em relação às declarações de Severino, que defendeu “punições alternativas e diferenciadas” para os picaretas e caiu em desgraça.

O próprio Severino não se conteve e disse: “Estou muito feliz. Ganhamos a eleição”. A frase é emblemática e mostra um dos lados que venceram as eleições na Câmara que, além de mensalão, receberão como recompensa pelo seu empenho uma pizza assada por Aldo.

Nas eleições, estava em jogo também a sucessão presidencial do ano que vem. Embora, o governo tenha obtido uma importante vitória política, a eleição de Aldo não significa que o Planalto tenha conseguido recompor a sua base parlamentar. O governo Lula continua bastante cambaleado. Ainda que queira encaminhar alguma votação política no Congresso, vai precisar fazer acordos com a oposição burguesa (PSDB/PFL). Não existe maioria parlamentar governista. Prova disso se deu no dia seguinte à eleição de Aldo, que tentou viabilizar uma “mini reforma política”, mas não conseguiu porque não chegou a um acordo com a oposição. Por outro lado, o governo vai ter que jorrar muito mensalão aos partidos bugueses (PTB, PP, PL e setores do PMDB) que outrora eram parte da sua base parlamentar.

Fora Todos!
As eleições da Câmara foram mais um capítulo das maracutaias que acontecem no Congresso Nacional. É crescente o repúdio da população à democracia burguesa e suas podres instituições. Por isso, o PSTU chama o “Fora Todos”, a fim de expressar esse repúdio e aponta para a necessidade da construção de uma alternativa dos trabalhadores e da juventude à crise. Agora, o “Fora Todos” é também Fora Aldo!

PCdoB: ‘comunistas’ neoliberais

Diego Cruz, da redação

O PCdoB atingiu o fundo do poço. Desde o início do governo Lula, o partido ocupou um lugar marginal na máquina, beneficiando-se das migalhas das benesses do poder.
Agora, o partido jogou todos os escrúpulos às favas e assumiu com todas as forças as práticas de corrupção do governo.

Aldo Rebelo foi uma das peças chaves, quando foi coordenador político do governo, na liberação dos transgênicos,na aprovação do salário mínimo de fome e nas articulações das reformas neoliberais. Agora, além de encaminhar a pizza, Aldo e seu partido tentarão recuperar a “credibilidade” do Congresso.

Um dos primeiros objetivos dos revolucionários, ao assumir um mandato, é a denúncia permanente e implacável do parlamento burguês. Não esperemos que esse ensinamento de Lenin seja seguido pelo PCdoB, que de comunista só tem o nome. Aldo e os parlamentares do PCdoB fazem o oposto. A democracia dos ricos agradece.

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