Mas, diria um apoiador do governo, já na defensiva, agora os salários vão aumentar, com o crescimento econômico. É possível que cresçam, mas só com lutas e greves.

O crescimento econômico dá melhores condições às campanhas salariais, porque os patrões têm mais a perder com a paralisação da produção ou dos serviços. Isso possibilitaria reverter a situação acumulada em todos estes anos, em que os reajustes foram feitos abaixo da inflação. No ano passado, por exemplo, mesmo no governo Lula, os trabalhadores perderam em média 15% de seus salários.

Agora, os metalúrgicos das montadoras de São Paulo conseguiram um reajuste de 10% nos seus salários, 3% de aumento salarial acima da inflação. É verdade que a direção do sindicato do ABC, da Articulação, queria fazer um acordo mais rebaixado, mas a pressão da base e a greve dos metalúrgicos da General Motors de São José dos Campos (dirigida pela Conlutas), forçaram um reajuste acima da inflação. Poderia se conquistar bem mais, mas só os metalúrgicos de São José pararam.

Agora os metalúrgicos dos outros setores, como autopeças, estão em luta reivindicando o mesmo patamar do das montadoras.

O reajuste acima da inflação dos metalúrgicos das montadoras pode levar a uma onda de reivindicações e greves por conquistas semelhantes nas categorias que têm data-base no segundo semestre. Pode? Sim, pode. Mas aí entra em ação o governo Lula, através de seu braço no movimento, a direção da CUT.

Nos últimos dias o presidente da CUT, Luiz Marinho, lançou pela imprensa a proposta – previamente acertada com o governo – chamada de “pacto social”. De acordo com Marinho, o “pacto” uniria empresários, trabalhadores e o governo para criar as bases “sólidas” de um desenvolvimento econômico sustentável. Para ele, o governo e empresários fariam a sua parte (aumento de investimentos, diminuição de impostos e congelamento das taxas de juros) enquanto os trabalhadores “diminuiriam suas pressões por recomposição salarial”.

Ou seja, justo agora, quando os trabalhadores poderiam lutar por reajustes salariais reais, acima da inflação, para repor as perdas dos anos passados, a CUT propõe um “pacto” para evitar estas lutas. Na verdade, a CUT abraça a pauta dos empresários, e não é à toa o entusiasmo da Fiesp com tal “pacto”.

Como vemos, o crescimento econômico por si só não trará aumento salarial. Será necessário conquistá-lo nas lutas, contra os patrões, o governo Lula e a direção da CUT.

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