Agência Brasil

O governo, após a decisão do Ministério da Educação pelo adiamento do Enem, lançou uma enquete para que os participantes decidam sobre as datas das provas no site do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Texeira), enem.inep.gov.br. Isso deixou os estudantes e professores das escolas públicas apreensivos, pois concretamente as aulas iniciaram e já entramos em quarentena.

Nós, educadores do PSTU, defendemos o cancelamento do Exame Nacional do Ensino Médio. Estamos vivendo o ápice do COVID-19 no Brasil, com 49.156 mortes e 1 milhão de contaminados, dados do dia 20 de junho do Ministério da Saúde. A educação não pode manter o calendário do Enem 2020 como se a situação não fosse extremamente grave.

A epidemia está em alta porque a condução dessa crise por Bolsonaro é catastrófica! Para o epidemiologista Paulo Lotufo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, “o cenário é terrível, porque a epidemia não está em queda“. Para ele, “não há razão para se flexibilizar o isolamento social no país, e tampouco para se acreditar em tratamentos da Covid-19 com remédios, como a cloroquina. A única resposta que poderá ser eficaz contra a pandemia de coronavírus é uma vacina“, e reafirma, “não se pode prever quando a pandemia começará a cair no país. Você faz uma previsão, e aí liberam tudo. Veja o Rio de Janeiro como está, um horror”.

A educação não é mercadoria

A manutenção do calendário do Enem 2020 é uma pressão da rede privada de ensino, principalmente dos cursinhos particulares. Manter o calendário do Enem 2020 está à serviço do lucro dos empresários e tem como consequência o aumento do abismo social entre os jovens brasileiros.

Fora Bolsonaro e Mourão Já! Para defender a educação!

Essa política mercadológica da Educação estava sendo dirigida por Abraham Weintraub, ex-ministro de Bolsonaro. A exoneração de Weintraub da pasta da Educação foi publicada pouco depois da informação de que ele já estava nos EUA. O ex-ministro responde a dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal.

A marca do governo Bolsonaro tem sido a de ataques à educação e às pesquisas científicas, com o corte de verbas das universidades e da educação básica, além da retirada de direitos e rebaixamento salarial dos servidores públicos. Para dar continuidade a essa política privatista da Educação, cujo carro chefe é a EAD, o governo nomeou Antônio Paulo Vogel para ministro interino da pasta. Ele é o número dois de Bolsonaro na educação.

EAD não é solução para Educação!

A pandemia se aprofunda e a crise econômica atinge os mais pobres, o desemprego aumenta e grande parte dos trabalhadores não conseguem sequer receber o auxílio emergencial do governo. A educação não está imune a toda essa realidade.

O governo não garantiu, até o momento, a necessidade básica de alimentação dos estudantes das escolas públicas, muitas famílias estão passando fome. No Estado do Rio de Janeiro, a SEEDUC divulgou um voucher de apenas R$ 100 para os estudantes que já são cadastrados em auxílios, como o Bolsa Família, deixando de atender grande parte dos alunos que não constam em nenhum cadastro. Há a falta de comida na mesa, quem dirá ter dinheiro para inscrição do Enem.

As aulas online não substituem de forma alguma as aulas presenciais. O EAD é excludente e faz parte do projeto que está sendo aplicado pelos governos de sucateamento e privatização do ensino, com contratos públicos que beneficiam diretamente empresas como a Amazon ou a Google. A Educação não pode ser uma mercadoria. Ao contrário do que disse o ex- ministro Weintraub, a Educação é para todos, o direito a uma educação de qualidade não pode ser negado a um estudante porque ele não pode pagar.

Apenas uma pequena minoria dos alunos da Rede Estadual do Rio de Janeiro, por exemplo, estão conseguindo acompanhar as aulas online, e, com a crise econômica, ainda menos alunos terão acesso à internet. Tanto o governo Witzel sabe disso, que realizou um contrato de compra de 750 chips que até o momento não chegaram, além da produção de apostilas, e aulas na TV. Gastos com o dinheiro público, altamente questionáveis, em meio à pandemia. As apostilas também não chegarão em muitas comunidades e não é serviço essencial, o que também coloca a vida dos trabalhadores dos Correios em risco.

Quarentena para todos em defesa da vida.

Essa pressão do calendário letivo tem mantido as escolas em funcionamento, quebrando a quarentena. Funcionários são chamados para reformas nas escolas ou entrega de apostilas, serviços que vêm sendo realizados sem proteção, sem o uso de máscaras e expondo, inclusive, os profissionais que fazem parte do grupo de risco.

A prioridade para educação nesse momento deve ser a garantia alimentar de nossos alunos e as pesquisas científicas para encontrarmos a vacina para erradicar o vírus.

Os estudantes do Enem então sendo chamados para a votação. Essa decisão já é excludente, pois só quem tem acesso à internet e está estudando no EAD, que conseguirá votar, não refletindo a grande maioria dos estudantes. Esse não é o momento de discutir isso. Essa votação mascara as mortes por coronavírus no país, é uma política negacionista de Bolsonaro. O que o país precisa para parar o contágio é um Lockdown efetivo e não fake news, como está acontecendo no Brasil. As quarentenas estão parciais e em plena reabertura, o que significará um genocídio para a população mais pobre.

Verba pública para a Educação Pública!

Depois que superarmos a pandemia, com o máximo de vidas salvas, vamos precisar discutir com o conjunto da comunidade escolar o novo calendário do Enem. Para começar, precisamos exigir a revogação imediata da Lei de Bolsonaro que proíbe, até 31 de dezembro de 2021, a concessão de reajuste salarial, a criação de cargos ou funções, alterações nas estruturas das carreiras e a realização de concursos. Precisamos defender a Educação contra os ataques desse governo, que inclusive colocou o fundo da Educação na negociação com o Centrão, para ter os votos a seu favor no Congresso, em especial contra um possível processo de impeachment.

A Educação de qualidade se faz presencialmente e com investimento na rede pública, com concurso e efetivação de terceirizados e contratados, com condições materiais para o desenvolvimento do aprendizado dos nossos alunos, com valorização profissional de todos os trabalhadores, com democracia nas escolas.

#CancelamentodoEnemJá!

QUARENTENA para todos em defesa da vida

Educação não é mercadoria

#ForaBolsonaroeMourãoJá!