Este sábado, dia 12 de agosto, marca os 30 dias do início da agressão militar de Israel contra o Líbano. Israel desferiu os ataques por terra, ar e mar, depois que dois soldados israelenses foram capturados em uma ação militar pelo Hizbollah. O grupo de resistência pretendia trocá-los por centenas de prisioneiros libaneses mantidos por anos em cárceres israelenses.

Se utilizando de uma violência implacável, a ação militar sionista provocou até agora a morte de pelo menos 1.024 pessoas, a imensa maioria de civis, sendo que um terço de crianças com menos de 12 anos. Mais de meio milhão de libaneses são obrigados a fugir do país por causa dos ataques.

Os bombardeios também arrasaram grande parte da infra-estrutura do país. Cidades, vilarejos e bairros inteiros de Beirute tornaram-se escombros e foram abandonadas depois que jatos israelenses despejaram suas bombas sobre a população indefesa.

Enquanto a carnificina crescia a cada dia, no Conselho de Segurança da ONU eram vetadas todas as moções que poderiam condenar a agressão sionista. Mais uma vez, a ONU revela que está bem distante de qualquer preocupação humanitária.

Problemas para Israel
Israel pretendia esmagar a resistência do Hizbollah em questão de dias, mas a capacidade de resistência do grupo fez com que os chefes militares sionistas passassem a falar sobre uma “guerra prolongada”. Reservistas são chamados para uma eventual invasão por terra.

A resistência do Hizbollah ganha a simpatia da imensa maioria do país. Agindo com táticas de guerrilha urbana, o Hizbollah inflige importantes baixas ao exército de Israel. Além de lançar mísseis contra cidades ao norte de Israel, o Hizbollah promove devastadoras emboscadas contra os soldados sionistas, como no dias 26, na cidade de Bint Jbail, e em outras localidades ao sul do Líbano.

Diante do recrudescimento da resistência libanesa, ganha força propostas de envio de tropas “multinacionais” com o objetivo de desarmar o Hizbollah e socorrer Israel. Contudo, França e Estados Unidos divergem sobre a resolução das Nações Unidas sobre um cessar fogo imediato por parte de Israel. Os EUA pretendem dar mais tempo para que o exército sionista prove que é capaz de esmagar sozinho o Hizbollah.

Qualquer proposta de ocupação do Líbano por tropas “multinacionais” significa uma armadilha para o povo libanês e para a resistência. As tropas seriam enviadas em socorro de Israel e dariam imunidade para as suas forças de ocupação, negando o direito de resistir do povo libanês.

No dia 25 de julho, quatro membros das forças de observação das Nações Unidas no Líbano foram mortos em um bombardeio israelense, depois das nações Unidas pedir “por dez vezes” o fim dos bombardeios naquela área. O fato mostra com toda a crueza de como são selecionados os “alvos terroristas” de Israel.

No dia 30, o Exército de Israel bombardeou o vilarejo libanês de Qana. Pelo menos 56 pessoas morreram, entre elas 37 crianças. Líderes da França, Espanha, Alemanha, Egito, Brasil, Jordânia e outros países condenaram os ataques, pedindo cessar-fogo imediato. O governo de Israel concordou em suspender os ataques aéreos no sul do Líbano por 48 horas. Mas no dia seguinte os retoma com toda intensidade.

Mais uma vez o Conselho de Segurança da ONU descarta a opção de condenar Israel do massacre. Protestos irromperam em Beirute na frente da sede da ONU que foi invadida por uma multidão que gritava: “morte a Israel, morte aos EUA”.

No dia 10 de agosto Israel consegue avançar apenas 8 km além da fronteira, a distancia máxima que conseguem penetrar. O Hizbollah, entretanto, mantém seus ataques e lança centenas de foguetes contra Israel, o que comprova que o grupo de resistência mantém seu poder de fogo a despeito das ações sionistas.

Armadilha
Nos bastidores da ONU, França e EUA constroem um acordo prevendo a ocupação do Líbano pelos “capacetes-azuis” em conjunto com o exército libanês. A proposta não fala em retirada imediata de Israel sobre o solo libanês. Vários países da Liga árabe, incluindo o próprio Líbano não concordam com a proposta franco-americana. Em seu lugar, o governo do Líbano se propõe a enviar 15 mil soldados ao sul do país, sem o apoio da ONU, e com Israel fora de seu território. Na prática, a proposta libanesa representaria uma dura derrota de Israel.

No dia 11, Israel deu início a uma ofensiva terrestre expandida no sul do Líbano depois de expressar sua insatisfação com um possível acordo entre os EUA e França pedindo o cessar-fogo. Os dirigentes sionistas rechaçam qualquer possibilidade de cessar fogo e defendem o envio de tropas internacionais que, sob a cobertura da ONU, teriam como missão criar uma zona de ocupação ao sul do Líbano e, posteriormente, desarmariam o Hizbollah. Ao mesmo tempo, prosseguiriam os ataques na Palestina, que vêm sendo intensificados nas últimas semanas.

Em mais de 30 dias de ataque, só resta ao povo libanês o caminho da resistência e o chamado à unidade do conjunto dos povos árabes – especialmente com os palestinos da faixa de Gaza e Cisjordânia – contra o imperialismo norte-americano e Israel, seu Estado policial na região.