Pablo Paredes no momento em que se recusa a embarcar para o Iraque

O norte-americano Pablo Paredes, mais um ‘objetor de consciência´, enfrenta Corte Marcial nesta quarta-feira, 11 de maioNo dia 6 de dezembro, Pablo Paredes apresentou-se sem farda à 32ª Estação Naval em San Diego (EUA). “Apenas queria tornar público quantos norte-americanos sentem-se mal com a guerra” – explicou Pablo – “não são apenas alguns liberais loucos, tentando atrair a atenção da mídia”. Apesar de alguns oficiais da Marinha presentes tentarem fazê-lo embarcar, Pablo manteve sua posição, não embarcou e concedeu várias entrevistas para a imprensa local. Ele ingressou na Marinha em 2000, desejoso de conhecer o mundo. Quando perguntado se sequer considerava a possibilidade de ser chamado a participar de uma guerra, Pablo disse “nunca imaginei que entraríamos em guerra com um povo que nada nos fez”.

A ocupação do Iraque ceifou a vida de 1.600 soldados dos EUA e de mais de 100 mil civis iraquianos. Enquanto isso, cada vez mais recrutas questionam a humanidade de suas ações e recusam-se a participar das ocupações, como no caso de Camilo Mejía. Para Paredes, “Nosso governo ainda não justificou as causas desta guerra. O que se alegou à população norte-americana e à ONU era uma ameaça de armas de destruição em massa. Na verdade, nossas atividades militares são provavelmente a maior causa de destruição massiva no Iraque”.

Paredes teve o seu pedido de objeção de consciência negado e enfrenta um julgamento em San Diego, que pode resultar no seu confinamento e mesmo julgamento militar, que o consideraria um desertor. Sobre isso, o marinheiro afirmou: “Prefiro a reclusão na prisão militar a seis meses de trabalho sujo numa guerra que eu e muitos outros rejeitamos”.

Solidariedade
O julgamento de Paredes e o de outro soldado, Kevin Benderman, motivaram diversos protestos nos EUA, com o tema ‘Leve a guerra do Iraque a julgamento’. Os atos começaram na terça, 10 de maio, Dia Nacional de Ação de Militares Resistentes, com um ato em San Francisco, e se estenderão até a sexta-feira, em San Diego.

Uma página na internet foi criada para divulgar a campanha contra as punições ao militar, que vem recebendo manifestações de apoio de todas as partes do país. Para Noam Chomsky, linguista e um dos mais importantes críticos do imperialismo, “as ações que Pablo Paredes está empreendendo são honoráveis e impressionantes, merecem o apoio de todos aqueles comprometidos com a paz, a justiça e a vigência dos direitos – e não da coerção – nos assuntos do mundo. Não é exagerado dizer que as possibilidades de uma sobrevivência humana decente dependem deste compromisso. Espero que outros se inspirem nas valorosas ações de Pablo, não só prestando-lhe apoio, mas que encontrando seus próprios caminhos para atuar com os mesmos fins”.

Fernando Suárez del Solar, pai de um dos primeiros soldados norte-americanos mortos no Iraque enviou a seguinte mensagem para Pablo: “Obrigado, meu filho. Obrigado por sua posição corajosa, por seu valente ato de respeito à vida humana, e, sobretudo obrigado por ser um exemplo de fortaleza para os jovens de sua geração… O verdadeiro soldado […] não extermina um país estrangeiro para obter benefícios econômicos”.

Enquanto procura punir os soldados que não concordam com a ocupação, a Marinha norte-americana anunciou que não será julgada por filmar iraquianos desarmados, baleados e feridos à morte numa mesquita.

  • LEIA MAIS
    Depoimento de Camilo Mejía, soldado norte-americano que se recusou a voltar ao Iraque

  • PÁGINAS RELACIONADAS
    www.defendpablo.org