Câmeras de segurança registraram o crime

No dia 20, Maria Islaine de Moraes, 31 anos, foi assassinada pelo ex-marido, Fabio Willian da Silva, 30 anos. O crime aconteceu em Belo Horizonte (MG), diante de câmeras instaladas no salão de beleza que Maria Islaine era proprietária e na presença de mais três mulheres.

Um crime anunciado
Maria Islaine havia registrado oito boletins de ocorrência contra o ex-marido, que a ameaçava frequentemente. Também gravou um pedido de socorro à polícia: “Tenho uma intimação que a juíza expediu por causa do meu marido, que me agrediu. Eu o levei na Lei Maria da Penha. Era para ele ser expulso de casa. O oficial veio, tirou de casa, só que ele está aqui e ainda está me ameaçando”. O assassino já havia jogado uma bomba contra o portão do salão de beleza há cerca de quatro meses.

Maria Islaine, recorreu à Lei Maria da Penha. Ela tentou se proteger como pode, instalando câmeras no seu local de trabalho, mostrando que realmente estava sofrendo violência, com ameaças e atentados. Mesmo com pedidos de socorro e boletins de ocorrência, a polícia não levou esta mulher a sério, prevalecendo o conceito da “briga doméstica”, ou a máxima de que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”.

A violência nossa de cada dia
Em 2001, a Fundação Perseu Abramo divulgou que sete em cada dez mulheres mortas foram assassinadas pelos próprios maridos. Em Pernambuco, no período de janeiro a novembro de 2006, 280 mulheres foram assassinadas. No Ceará, foram contabilizados 93 assassinatos de mulheres no ano de 2008. Somente nos três primeiros meses de 2009, já se contabilizava 24 mortes violentas no estado. Nos primeiros 16 dias de março, foram registrados dez assassinatos.

Agora, Maria Islaine poderá ser contabilizada para uma próxima pesquisa brasileira, feita por algum órgão do governo ou de alguma ONG que, mais uma vez, atestará a situação de barbárie que vive a população feminina do país. Porém o que fica claro é que não existe uma política séria para salvar a vida destas mulheres.

Em 2006, às vésperas da eleição presidencial, Lula aprovou a Lei Maria da Penha, a mesma que Maria Islaine recorreu para se proteger. A Lei criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar. Entretanto, no ano seguinte à sua eleição, Lula reduziu em 42% os recursos previstos para o Programa de Combate a Violência contra a Mulher.

O assassinato de Maria Islaine é um exemplo. Como ela, muitas outras mulheres morrem, vítimas do machismo. Elas colocam em xeque a eficiência de uma lei que tem como objetivo conter a violência à mulher, mas que, concretamente, as instituições não atuam para fazer com que ela se cumpra.