Banco Central confirma saques milionários na conta do publicitárioO empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser um dos operadores do mensalão, multiplicou seu patrimônio no primeiro ano do governo Lula. Ele detinha em 2002 cerca de R$ 3,8 milhões entre aplicações, carros e participações em empresas. Em 2003, esse valor saltou para R$ 6,7 milhões, de acordo com dados bancários, cartoriais e informações prestadas ao Detran, divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo no dia 26 de junho. No total, de 2002 para 2003, a variação de seu patrimônio foi de 76%.

Somente através das empresas de publicidade das quais é sócio, seus lucros se multiplicaram de forma espantosa. Em 2002, Valério recebeu das agências R$ 504 mil. Já no ano seguinte, primeiro ano de governo Lula, foram R$ 2,95 milhões. Não é de se estranhar, já que o governo federal é um dos principais clientes das agências de propaganda de Marcos Valério. São cinco importantes contas: Banco do Brasil, Correios, ministérios do Trabalho e dos Esportes e a estatal Eletronorte.

Porém, de acordo com as denúncias divulgadas pelo deputado Roberto Jefferson, não é somente dessas contas de publicidade que o empresário enriqueceu tão rapidamente. O “homem da mala” do escândalo do mensalão tem em suas contas bancárias descrições de saques vultuosos em dinheiro, segundo detectaram os técnicos do Banco Central em Belo Horizonte.

Os dados obtidos pelo Banco Central sobre os enormes saques também têm datas e valores que coincidem com os relatos de Roberto Jefferson e da ex-secretária do publicitário, Fernanda Karina Somaggio, sobre o esquema de pagamento de propina aos deputados.

Marcos Valério tinha relações muito próximas com o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, com o ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha, com o secretário geral do PT, Silvio Pereira e com o deputado Virgílio Guimarães, que foi quem o apresentou a Delúbio e, como diz Virgílio, ao ‘grupo dos cinco’ (Dirceu, Genoino, Delúbio, Silvio Pereira e Marcelo Sereno). Além disso, o próprio Valério admite que freqüentava assiduamente os ambientes do poder, como o Banco Central, o Palácio do Planalto e os gabinetes do ex-ministro dos transportes, Anderson Adauto, e do atual ministro da saúde, Humberto Costa.

Marcos Valério não negou ter sacado de sua conta no Banco Rural as quantias descritas nos relatórios do Banco Central. Ele apenas justificou, dizendo que “Eu lido com gado. Há fazendeiros que simplesmente não aceitam cheque”. A coincidência com os valores e datas dos pagamentos de propinas, entretanto, ficaram sem explicação até agora. Assim como o crescimento relâmpago de seu patrimônio durante o governo Lula.