Marcha da Periferia em São Luís
Foto: Sérgio Koei

Marcha é realizada em 14 estados e denuncia ataques do governo Dilma à classe trabalhadora e à juventude negra

Intervindo, cantando, dançando, grafitando, turbando-se, empunhando cartazes, bandeiras e faixas, milhares de pessoas saíram às ruas no dia 20 de novembro através da Marcha da Periferia “Zumbi-Dandara+20” para exaltar as lutas e o orgulho da resistência do povo negro, e  também para denunciar os ataques dos governos contra a população negra e dar um basta ao Governo Dilma, à direita e ao Congresso corrupto, racista e machista. O fim do genocídio da juventude negra e a não redução da maioridade penal esteve também no centro das reivindicações da Marcha Nacional da Periferia.

Nascida no Maranhão em 2006, a Marcha da Periferia de 2015 foi realizada em 14 estados e em mais de 20 cidades brasileiras como São Luís, Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Essa foi maior marcha de todos esses anos.  As mulheres e os jovens tiveram forte presença, expressando os setores mais penalizados pelo ajuste fiscal de Dilma e dos governos locais.  Essas jovens mulheres fazem parte de uma nova vanguarda negra que surge do enfrentamento ao racismo por todo o país e que responde também a necessidade de reorganização dos negros e negras, já que a maioria de suas entidades foram cooptadas pelo governo do PT nos últimos anos.

Esse novo feminismo negro é de luta, tem conteúdo classista na medida em que se enfrenta com a violência às mulheres, a precarização dos seus postos de trabalho, exige salário igual para trabalho igual e denuncia o mito da democracia racial e racismo institucionalizado do Estado brasileiro. A Marcha da Periferia foi um ponto de encontro daqueles que sentem a necessidade lutar sem as mordaças do governismo.


Marcha da Periferia em Porto Alegre

Cada estado aprovou suas pautas específicas, somando os eixos centrais da Marcha da Periferia como o “basta do governo Dilma”. Em estados como o Maranhão, a marcha reuniu mais de mil pessoas desde a concentração até a realização do 26º Festival de Hip Hop. No Ceará, o mote da marcha foi a denúncia da chacina de jovens negros praticada por policiais no bairro Curió. Em São Paulo, a defesa das ocupações das escolas fechadas pelo governo Alckmin e o Fim da PM racista unificou o movimento. No Rio de Janeiro, o lema da marcha foi contra o apartheid social imposto pelo governo Pezão do PMDB que impede que a juventude negra tenha acesso às praias do centro da cidade.  Porto Alegre também realizou sua primeira marcha com grande repercussão.

Passo importante na construção da unidade do povo negro
Nós, do PSTU, estamos muito orgulhosos de ter ajudado a construir essa marcha. Nossa organização tem a convicção de que, sem os negros e as negras, não haverá revolução socialista e operária nesse país. Por isso, desde a realização de nosso IV Encontro de Negras e Negros, temos afirmado que “A Revolução será negra ou não será”.

Para nós, esse debate deve estar no centro das preocupações das esquerdas e do movimento negro na atualidade. Por isso, movemos toda nossas energias para ajudar a construir a Marcha da Periferia ao lado de dezenas de outras organizações espalhadas por todo o país, como a CSP-Conlutas, a Anel, Movimento Hip Hop Quilombo Brasil e o Quilombo Raça e Classe, pois acreditamos que existe uma necessidade urgente de reconstruir a unidade classista do movimento negro nacionalmente e a Marcha da Periferia se apresentou nesse Novembro Negro como uma dessas alternativas.  

Por isso, em muitos estados atraiu dezenas de coletivos de negros e negras que querem lutar de fato, já que a experiência que os afro-brasileiros fizeram com o PT de Lula e Dilma se apresenta completamente esgotada. Bastou à crise econômica bater a porta do país e Dilma não titubeou em atacar preferencialmente os negros e as negras, pois são esses os mais afetados por seu ajuste fiscal imposto pela burguesia branca e o imperialismo.


Marcha no Rio de Janeiro

Os dados contidos no Mapa da Violência de 2015 mostram que, durante o governo do PT, o genocídio da juventude negra cresceu em 32%, enquanto que a morte entre os jovens brancos diminuiu na mesma proporção. Entre as mulheres negras, esse índice cresceu mais de 54%, enquanto isso entre as mulheres brancas diminuiu 10%. A renovação da ocupação militar no Haiti não deixa dúvida sobre a política pró-imperialistas e racistas de Lula e agora Dilma.  Por isso todas essas denúncias tiveram eco na Marcha da Periferia e não poderia ser diferente.

Em nossa opinião, não podemos mais esperar o Novembro Negro de 2016 chegar.  A Marcha da Periferia deve seguir como espaço de unidade dos negros e negras que querem se organizar e lutar. Para uma parte expressiva da juventude negra, especialmente as mulheres, já caiu a ficha de que não é mais possível enfrentar o racismo e o machismo sem dar um basta no governo Dilma, na direita representada por Aécio, no Congresso liderado pelo machista e racista Eduardo Cunha e de todos os governos em âmbito estadual e municipal que aplicam políticas que penalizam a juventude e as mulheres. Assim como não será possível eliminar as opressões sem lutar pela destruição do capitalismo e pela construção do socialismo, sendo os negros e as negras, operários e operárias sua vanguarda fundamental.

Fica aqui o nosso mais fraterno parabéns a todas e todos que construíram esse belíssimo Novembro Negro e a Marcha da Periferia de 2015.  Sigamos nas lutas da periferia e do povo negro no avanço da consciência e na reorganização do movimento negro.

ESPECIAL “A Revolução será Negra ou não será!”