Em contagem regressiva para a grande marcha, ativistas de todo o país preparam suas bandeiras, camisetas, faixas e, é claro, os pulmões para gritar bem alto contra a reforma da Previdência de Lula e demais ataquesFaltando apenas seis dias para a marcha a Brasília, trabalhadores, estudantes, militantes dos movimentos sociais de todo o país se preparam para realizar o que pode ser o maior ato sob o governo Lula. A organização da marcha quer ampliar o sucesso das marchas anteriores e dar um recado claro ao governo: os trabalhadores não aceitarão ataques, principalmente a reforma da Previdência.

Desta vez, a caminhada será mais longa. Os ativistas sairão do estádio Mane Garrincha, onde estarão concentrados a partir das 9h, e caminharão pela cidade até chegar à Esplanada dos Ministérios. A decisão foi tomada na última reunião de preparação da marcha, em São Paulo, com a presença de representantes da Conlutas, da Intersindical e das Pastorais Sociais. As cerca de 30 mil pessoas esperadas pela organização do ato deverão causar um grande impacto na capital nacional.

Durante a caminhada, acontecerão paradas em frente aos ministérios para manifestações. Assim, por exemplo, o movimento popular vai realizar um protesto em frente ao Ministério das cidades. Já o movimento estudantil, planeja parar em frente ao Ministério da Educação e Cultura para protestar, entre outras coisas, contra o Reuni.

O ato principal acontecerá em frente ao Ministério da Previdência para manifestar a contrariedade à reforma que vai acabar com a aposentadoria. A caminhada encerrará com um ato em frente ao Congresso.

Por essa época, em Brasília, o ar está bastante seco. Na quarta-feira, apesar de a previsão estar indicando possibilidade de chuva, a temperatura deve se manter elevada, entre 17ºC e 29ºC. Por isso, os organizadores estão orientando os manifestantes a levarem garrafinhas de água e abusar do protetor solar.

Blocos
Os participantes estão se organizando em blocos temáticos para montar a enorme coluna que deverá marchar sobre Brasília. Como era de se esperar, a “comissão de frente” será o bloco contra a reforma da Previdência. Os ativistas carregarão faixas com frases como “Lula, Renan e Marinho: tirem as mãos da aposentadoria” e ” Fora Renan! Esse Congresso corrupto não pode mexer na aposentadoria”. Este deverá ser o principal tema da atividade.

Seguindo este, virão os blocos da energia elétrica, da reestatização da Vale do Rio Doce e do não-pagamento das dívidas externa e interna. Juntos, esses blocos fecham o tema do Plebiscito Popular, que aconteceu em setembro. A marcha vai mostrar ao governo federal o resultado do voto de mais de 3 milhões de pessoas que rechaçaram a reforma da Previdência, o pagamento das dívidas, o alto preço das tarifas de energia e a privatização da Vale.

Além desses, outros blocos estão sendo preparados. A contrariedade ao projeto de transposição das águas do rio São Francisco também estará representada. No Nordeste, o tema virou a quinta questão do plebiscito e também foi amplamente repudiado. O projeto de transposição do governo só beneficiará o agronegócio. Além de matar o rio, expulsará as famílias ribeirinhas da região.

A juventude também terá o seu bloco para dizer não à reforma Universitária e ao decreto do Reuni. Os oprimidos – negros e negras, gays e lésbicas, mulheres – levarão suas bandeiras em colunas contra a opressão. Para as mulheres, será o momento de exigir do governo Lula a legalização do aborto. Hoje, é de extrema urgência que seja legalizada a interrupção voluntária da gravidez, pois são milhares de mulheres que morrem todos os anos vítimas de abortos malfeitos. Os manifestantes também exigirão a retirada das tropas da ONU do Haiti, principalmente das brasileiras, que chefiam a ocupação militar naquele país.

Se depender da disposição e da dedicação no preparo da marcha, a temperatura de Brasília vai subir ainda mais.