Politização com animação no bloco da Conlutas: PSTU se juntou à coluna
Diego Cruz

Bloco da Conlutas tenta superar despolitização e governismo do Fórum OficialFoi sob um forte sol e muito calor que terminou a versão baiana do Fórum Social Mundial, na tarde deste domingo, 31, em Salvador. Participaram centrais sindicais como CTB, UGT e CUT, além do MST.

Diferenciando-se do tom majoritariamente governista do Fórum oficial, a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) organizou um agitado bloco que percorreu as principais ruas do capital.

A Conlutas, com faixas e palavras-de-ordem, denunciou a ocupação militar do Haiti pelas tropas do ONU comandadas pelo Brasil. A Conlutas também divulgou sua campanha de solidariedade classista aos trabalhadores haitianos, contrapondo-se à suposta ajuda humanitária dos países imperialistas, ONGs e órgãos multilaterais.

O PSTU se integrou à coluna da Conlutas com suas faixas e bandeiras, afirmando que um mundo socialista é possível.

A marcha teve fim na Barra, no momento em que o sol se punha no horizonte ao lado do famoso farol. A coluna da Conlutas decidiu não se juntar ao restante do Fórum, finalizando o ato de forma independente e convocando todos ao seu congresso, em junho, tal como o congresso de unificação, o Conclat (Congresso Nacional da Classe Trabalhadora), que vai ser realizado logo em seguida.

Um Fórum completamente institucionalizado
Salvador recebeu com apatia sua versão do Fórum Social Mundial. Ao contrário do que ocorria nas outras edições, principalmente em seu começo em Porto Alegre, a capital baiana permaneceu indiferente.

A explicação disso pode-se ser encontrada na completa institucionalização do Fórum Social Mundial. Patrocinada pelo Governo Federal, estadual e municipal, além de estatais como Petrobras, o Fórum serviu como grande palanque eleitoral, além de vitrine para as políticas do governo. Os principais eventos organizados pelo Fórum oficial concentravam-se em hotéis de luxo para participantes limitados. A imprensa até apelidou o fórum de “Fórum do B”, em referência ao PCdoB.

Para se ter uma ideia, o único ato público de rua que ocorreu durante o Fórum foi o ato contra a ocupação do Haiti e em solidariedade aos trabalhadores de lá, organizada pela Conlutas e setores como Intersindical, Consulta Popular e outras entidades e organizações do movimento negro.

Na marcha final, um exemplo ilustrativo da completa despolitização do Fórum. O carro de som escolhido para conduzir a marcha foi nada menos que um trio elétrico com uma banda tocando axé. A Conlutas, por outro lado, manteve um carro de som próprio, com discursos políticos e palavras-de-ordem durante o trajeto, o que também não impediu muita batucada e descontração.

Direto de Salvador