Manifestantes ocupam a Esplanada
Jorge Cardoso

Milhares de ativistas de todo o país foram a Brasília, no dia 16. Estudantes, servidores públicos, metalúrgicos, trabalhadores do setor privado, sem-terra e sem-teto. Todos deram um colorido especial às largas avenidas da capital federal; com muita criatividade, alegria, além das tradicionais faixas e bandeiras do movimento.

Esta foi uma manifestação vitoriosa. Segundo a Agência Globo, cerca de 20 mil manifestantes participaram da mobilização convocada pela Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), surpreendendo a muitos. Participantes enfrentaram vários dias na estrada, como os companheiros das Coordenações Estaduais do Amapá e do Pará.
A passeata não reuniu somente aqueles que querem lutar contra as reformas Sindical, Trabalhista e Universitária. “Estamos aqui lutando pelo direito do povo, pela reforma agrária, contra esse salário mínimo de fome apresentado por Lula”, declarou o militante do MST, de Minas Gerais, Daniel.

O início da concentração foi em frente à Catedral de Brasília, onde, ao som de muito forró, foi armado um verdadeiro “arraiᔠda Conlutas. A criatividade e a cultura popular foram colocadas a serviço da luta.

O trajeto da marcha

`FotoÀs 11h30, a marcha seguiu em direção ao Congresso Nacional. Ao meio-dia, parou em frente ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. O dirigente camponês e membro da Coordenação Nacional de Lutas Populares, José Galvão, denunciou a farsa da reforma agrária do governo Lula: “Lula disse que iria fazer a reforma agrária numa canetada, mas nesses 500 dias de governo só assentou 16 mil famílias. Canetada, mesmo, só para banqueiros”.

Em frente aos Ministérios do Trabalho e da Saúde, um novo ato, desta vez contra as reformas Trabalhista e Sindical e contra o desmonte dos serviços públicos: “Lula, que papelão, essa reforma sindical é pra patrão”. Neste ato, o representante do PSOL, o deputado federal Babá, fez uma saudação aos manifestantes, parabenizando a iniciativa. O presidente nacional do PSTU, José Maria de Almeida, o Zé Maria, criticou as reformas neoliberais do governo e as centrais, CUT e Força Sindical, que apóiam as reformas. Zé Maria afirmou: “Os trabalhadores do país vão lutar contra essas reformas com ou sem as centrais”, e manifestou o orgulho pelo sucesso da mobilização, concluindo com um chamado: “Todos os que querem estar na lutas devem se juntar à Conlutas. Venham e participem das nossas reuniões para construirmos essa unidade”.

Como o carro de som foi impedido pela polícia de prosseguir até o Palácio do Planalto, as palavras-de-ordem tiveram de ser garantidas no grito. Ninguém desanimou. Mesmo sob o forte sol, todos faziam questão de manifestar a indignação, por exemplo, contra o arrocho salarial: “Quero ver quem decide o salário, é o trabalhador unido, ou o Fundo Monetário”.

O repúdio contra o envio de tropas brasileiras ao Haiti também foi lembrado diante do Ministério da Defesa. Todos vaiaram a iniciativa do governo de auxiliar George Bush em mais uma ocupação imperialista.

Já no Ministério da Fazenda, foi denunciada a política econômica de fome e miséria do governo Lula.

O sentimento de êxito

`FotoO encerramento da marcha foi realizado com muita criatividade em frente ao Ministério da Educação. Estudantes promoveram um apitaço contra a reforma Universitária que pretende privatizar as universidades públicas. A diretora da UNE, pela oposição, Júlia Eberhardt, declarou: “Assim como a CUT não pode falar em nome dos trabalhadores sobre as reformas Sindical e Trabalhista, a UNE também não pode falar pelos estudantes, porque apóia a reforma Universitária”.

O desejo de nacionalizar a luta pelo passe-livre também foi lembrado pelos secundaristas. Diego Amado, do Comitê de Luta pelo Passe-Livre, de São Paulo, afirmou: “Com os universitários, vamos tomar o país na luta pelo passe-livre e contra a reforma”.

Ao final, quando todos já expressavam o sentimento de êxito do ato, José Maria convocou os manifestantes para os próximos passos da luta contra as reformas.

  • Especial Reforma Trabalhista e Sindical

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