Marcha na Argentina

Cerca de 40 mil manifestantes foram às ruas nesta sexta, dia 4, em Mar Del Plata para protestar contra Bush e sua política imperialista. Superando todas as expectativas, os milhares de trabalhadores e estudantes não se intimidaram com o forte esquema de repressão montado pelos Estados Unidos e o governo capacho de Kirchner e empreenderam uma grande marcha durante a abertura da 4º Cúpula das Américas.

Os manifestantes se concentraram pela manhã na Avenida da Independência. A marcha não se deixou abater pela chuva e pelo frio. Os milhares de manifestantes fizeram uma passeata até o Estádio Mundialista. Eixos políticos contra a implementação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), contra o pagamento da dívida externa e a guerra do Iraque e de repúdio ao presidente norte-americano como representante do imperialismo.

A passeata expressou uma unidade latino-americana contra o imperialismo, através de suas muitas bandeiras e delegações de diversos países. As organizações sindicais argentinas, como a CTA (Central de los Trabajadores Argentinos), também tiveram presença expressiva no protesto. Após a marcha, os manifestantes fizeram um grande comício, com a presença do presidente venezuelano Hugo Chávez, do jogador Maradona e de diversas personalidades políticas de todo o mundo.

Enquanto ocorria a passeata, pouco antes da abertura da Cúpula das Américas, George W. Bush se reunia com Kirchner. Na reunião, o norte-americano não poupou elogios ao governo argentino por sua postura diante do FMI. Bush cobrou ainda de seu anfitrião a continuidade desse respeito aos acordos internacionais.

Outros atos
O enorme repúdio latino-americano a Bush não se expressou apenas na grande marcha de Mar Del Plata. A Argentina foi sacudida por manifestações e paralisações de diversas categorias dos trabalhadores de todas as partes do país, entre elas professores, médicos e funcionários públicos.

Uma outra grande marcha ocorreu em Buenos Aires, com encerramento na Praça de Maio, próxima ao Congresso. Esse protesto foi encabeçado pela CTA, pelos movimentos piqueteiros e por diversos partidos de esquerda. Também houve um protesto em frente à embaixada norte-americana.

Ainda em Mar Del Plata, pela tarde, uma outra marcha com cerca de mil pessoas, organizada por piqueteiros e partidos de esquerda, se aproximou do muro de segurança que protegia os chefes de estado presentes na cúpula. A polícia reprimiu violentamente os manifestantes com balas de borracha e gás lacrimogêneo. A Secretaria de Direitos Humanos do país havia dito que a proteção policial armada para a Cúpula não usaria armas ou munições de borracha contra os protestos, o que não foi cumprido.

O movimento piqueteiro reúne trabalhadores desempregados e se formou há anos a partir do desmonte do país e das privatizações. Por isso, promovem protestos anti-imperialistas e contra os governos entreguistas argentinos. Eles decidiram fazer uma marcha paralela, argumentando que a Marcha da anti-cúpula seria governista.

Também houve repressão em outros locais. Três homens e uma mulher integrantes do Movimento Camponês de Santiago de Estero (Mocase) foram presos, acusados de roubo e ameaça. Outras 11 ordens de captura foram emitidas pelo mesmo juiz neste dia.

Neste dia 4, a Argentina foi palco de inúmeros e generalizados protestos anti-imperialistas. Além disso, ocorreram atos contra Bush no Panamá e em Caracas (Venezuela). No Brasil, houve confronto com a polícia em Brasília e atos no Rio, Belo Horizonte e outras capitais. Outros protestos estão marcados para o dia 5, quando Bush estará no Brasil. Toda essa mobilização internacional mostra que a ofensiva de Bush e sua guerra preventiva provoca uma resposta retumbante dos povos da América Latina e do mundo. Se fosse mais esperto, Bush teria ficado em casa…