Dia de mobilização em Brasília
Agência Brasil

Manifestação reúne servidores, professores em greve das universidades federais e estudantesA manifestação convocada pelas entidades do funcionalismo público federal demonstrou toda a indignação da categoria com a intransigência do governo Dilma com as reivindicações dos trabalhadores. Reunindo algo como 15 mil pessoas, a marcha contou com o funcionalismo em peso, os professores das universidades federais que protagonizam uma forte greve desde o dia 17 de maio, além de estudantes, que já fazem greve estudantil em 30 universidades.

Demonstrando a enorme disposição de luta dos servidores, a marcha partiu da Catedral, fez a volta na Praça dos Três Poderes e, no retorno, se concentrou em frente ao Bloco K da Esplanada dos Ministérios, onde está o gabinete da Ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Os manifestantes realizaram um protesto em frente ao prédio e exigiram ser recebidos pelo Ministério. Na ausência da ministra, foram recebidos pelo secretário Valter Correia, que aceitou se reunir com representantes de 13 entidades do funcionalismo, incluindo as centrais CSP-Conlutas, CUT e CTB.

Os servidores reivindicam reajuste de 22,08% (referente à inflação e variação do PIB desde 2010), assim como uma política salarial permanente, que inclua reposição inflacionária, valorizaçao do salário-base e incorporação das gratificações. Também reivindicam o direito à negociação coletiva no setor público, com definição de data-base em maio e o cumprimento de vários acordos firmados com o governo, mas não cumpridos.

Intransigência
“Relatamos ao secretário a intransigência com que o governo vem tratando nosso movimento, isso se expressa no fato de que, após oito reuniões com o Secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, nenhum avanço tenha ocorrido”, afirma Paulo Barela, da Executiva da CSP-Conlutas, presente na reunião. Os servidores pediram outro interlocutor com a categoria, haja visto a falta de vontade política do atual representante do governo de resolver o impasse, assim como a abertura efetiva de negociação.

O representante do ministério, porém, reafirmou a atual política do governo. Além de afirmar que Sérgio Mendonça continuaria à frente das negociações, disse ainda que o governo não receberia mais os servidores caso insistissem no atual indicativo de greve para o dia 11. “Achamos que isso é um retrocesso, pois hoje não estamos em greve e o governo já não apresenta nenhuma proposta, somos recebidos mas não há nenhum avanço”, afirma Barela.

O governo afirma que apresentará uma proposta apenas no dia 31 de julho, às vésperas do prazo para a votação da Lei Orçamentária Anual, em agosto. “O governo quer apresentar uma proposta em cima do prazo para impedir uma mobilização maior”, analisa o representante da CSP-Conlutas. Valter Correia se comprometeu a procurar Sérgio Mendonça e a ministra para discutir o “mérito” da questão, retornando com uma resposta na semana que vem. “Dissemos a ele que discutir o mérito significa apresentar números, propostas concretas”, disse Barela.

Servidores reafirmam greve
Os servidores, porém, mostraram que não esperarão sentados. Pela tarde realizaram uma plenária unificada organizada pelo Fórum Nacional das Entidades dos Servidores Federais, que reuniu mais de mil pessoas. Após uma avaliação do movimento nos diferentes setores, os servidores reafirmaram o indicativo de greve geral do funcionalismo federal a partir do dia 11 de junho. Aprovaram também uma grande manifestação durante a Cúpula dos Povos, que ocorre paralelamente ao Rio +20, no próximo dia 20, além da formação de um comando nacional de greve e mobilização.

Estudantes fazem manifestação no MEC
Esse dia 5 também foi marcado pelo protesto dos estudantes no Ministério da Educação, em apoio à greve dos docentes das universidades federais. Enquanto a greve atinge já 51 instituições federais em todo o país, os estudantes aprovaram greve estudantil em 30. Os alunos se concentraram em frente ao MEC e foram reprimidos pela polícia, com spray de pimenta e cassetetes quando tentaram ocupar o prédio.

“Estávamos em mais de dois mil estudantes lá, fizemos um jogral para discutir o protesto e, mostrando muita indignação pela atual situação das universidades federais, aprovamos ocupar o ministério”, afirma Clara Saraiva, da ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes Livre). No momento em que entravam no ministério para exigir serem recebidos pelo ministro Aloizio Mercadante, foram fortemente reprimidos.

O presidente da UNE, Daniel Iliescu, afirmou à imprensa que a “depredação” partia de uma “minoria, sem que houvesse nenhuma deliberação do movimento”. A entidade não levou estudantes para a marcha, apenas alguns diretores.

Já o ministro da Educação chegou a receber uma comissão dos docentes em greve, mas também não avançou nas negociações.

LEIA MAIS
Greve nas universidades federais já é uma das maiores dos últimos anos