Manolis Glezos, eurodeputado do Syriza e figura pública da resistência grega à ocupação nazi, publicou nesta segunda-feira uma nota muito crítica sobre o acordo firmado pelo Syriza com a União Europeia. Reproduzimos abaixo traduzido:

“Renomear a Troika como ‘instituições’ e ao memorando como ‘acordo’, e aos credores como ‘sócios’, da mesma forma que chamar de pescado a carne, não muda a situação anterior”. Tampouco muda, é claro, o sentido do voto do povo grego nas eleições de 25 de janeiro de 2015.

O povo votou no que Syriza havia prometido. Renegamos o ‘status quo’ da austeridade, que não é somente a estratégia da oligarquia alemã e dos credores europeus, mas também da oligarquia grega. Renegamos o memorando e a Troika, assim como todas as leis de austeridade. No dia seguinte às eleições, com uma só lei, renegamos a Troika e suas consequências.

No entanto, passou um mês, e isso não se converteu ainda em realidade. Uma pena, uma verdadeira pena.

De minha parte, PEÇO DESCULPAS (em maiúsculas no original) ao povo grego, porque eu também fui parte da criação desta ilusão.

Contudo, antes que o mal avance além da conta, antes que seja demasiado tarde, contra-ataquemos. Os membros, amigos e simpatizantes do Syriza devem realizar reuniões extraordinárias, em todos os níveis de organização, devem decidir se aceitam esta situação.

Alguns argumentam que para fazer um acordo tem de se recuar. Em primeiro lugar, entre opressores e oprimidos, não pode haver nenhum compromisso, da mesma forma que entre escravos e conquistadores, a liberdade é a única solução possível. Porém, inclusive se aceitarmos este absurdo, as concessões já foram feitas pelos governos anteriores pró-memorando, que trouxeram desemprego, austeridade, pobreza e suicídios, já levaram o país além dos limites da retirada.”

*Partido irmão do PSTU no estado espanhol

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