Fotos: Romerito Pontes

Protesto foi contra o aumento da tarifa, a demissão dos metroviários e em defesa dos empregos dos cobradores

O povo está de volta às ruas. Nesta sexta, 9, mais de 10 mil pessoas foram às ruas em São Paulo contra o aumento da tarifa no transporte público decretado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT). O protesto também reivindicou a anulação das demissões dos metroviários e defendeu o emprego dos cobradores, ameaçados por um projeto do prefeito do PT.

A concentração teve início em frente ao Teatro Municipal, no centro de São Paulo, o mesmo local onde começou, em 13 de junho de 2013, o protesto contra o aumento da passagem que foi brutalmente reprimido e deu início à jornada de mobilizações que sacudiu todo o país. Mais uma vez, a manifestação não iria terminar.

Por volta das 17h, milhares de pessoas já se preparavam para dar início à marcha. Enfrentando o forte sol e calor do verão, os manifestantes não se intimidaram com o ostensivo aparato repressivo que cercava toda a região. Tropa de Choque, policiais e os indefectíveis “robocops” fizeram um cordão de isolamento durante a concentração e acompanharam os manifestantes durante a passeata, ‘prensando’ a manifestação.

Surpreendidos, provavelmente, pelo tamanho do ato, o contingente deslocado pela PM não foi suficiente para ‘envelopar’ todo o protesto, apenas seu início. A polícia, no entanto, sitiou o centro da cidade.

A manifestação, porém, transcorreu pacificamente durante duas horas. A passeata contornou o teatro, seguiu rumo à Praça da República antes de ganhar a Rua da Consolação, rumo à Paulista, onde deveria terminar. “É estudante, cobrador e metroviário, abaixo a tarifa e aumenta os salários”, era uma das palavras-de-ordem cantadas pelos manifestantes.

Na Consolação, um pequeno grupo de manifestantes que estava bem à frente do restante do ato entrou em confronto com a PM. Alguns estudantes foram agredidos e presos, e a imprensa repelida com violência. A reportagem do Site do PSTU chegou a ser agredida pela polícia enquanto filmava um estudante sendo imobilizado por quatro PM’s.

Com a situação normalizada, a Tropa de Choque se perfilou na avenida enquanto a manifestação, que ainda estava a uns cem metros de distância, se aproximava. Quando os soldados da tropa viram milhares de manifestantes se aproximando, deram início à repressão de forma absolutamente gratuita, com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha sendo disparadas de forma generalizada. A Consolação foi tomada por uma chuva de bombas e fumaça.

Um grupo de manifestantes conseguiu se refugiar num estacionamento e, quando tentaram escapar das bombas, foram surpreendidos pelo Choque pelas costas. Um outro grupo que permaneceu no estacionamento foi obrigado a sair sob a mira de armas, com as mãos na cabeça, entre eles uma mulher grávida que passava mal por conta do gás (veja o vídeo aqui).

A agressão gratuita da PM transformou a região, mais uma vez, numa enorme praça de guerra. Segundo os primeiros informes, pelo menos 51 pessoas foram detidas. Com o caos instalado, os ‘black blocs’ deram sua costumeira contribuição à repressão e quebraram algumas vitrines de bancos e concessionárias, gerando imagens para a imprensa atacar o movimento. A PM, Alckmin e Haddad agradecem.

Amanhã vai ser maior
Assim como a repressão em junho de 2013 não foi suficiente para acabar com a mobilização, desta vez a história deve se repetir. A indignação gerada pela repressão deve aumentar ainda mais os próximos protestos, unindo-se à revolta pelo aumento de 16% que teve a passagem do transporte público. O próximo ato já está marcado para o dia 16, às 17h, na Praça do Ciclista, na Av. Paulista.