Ativistas da América Central também estiveram no ato
Diego Cruz

Um ato público em São Paulo reuniu cerca de 300 ativistas contra o golpe em Honduras na tarde desse dia 2 de outubro. Reunindo diversas organizações do movimento sindical e popular, além de partidos de esquerda, a manifestação no vão livre do Masp, na Av. Paulista, foi um exemplo da solidariedade internacionalista. Estiveram presentes a CUT, Conlutas, Intersindical, CTB, NCST, MST, além do PSOL, PSTU, Esquerda Marxista e O Trabalho (correntes do PT), LER-QI, entre outras correntes de esquerda.

Havia também diversos ativistas da América Central, como Nicarágua e Guatemala. O dirigente da CUT, Júlio Turra, condenou o golpe no país da América Central, relacionando a luta pela democracia em Honduras com a luta pela soberania dos povos. “Essa luta se relaciona com a nossa batalha por uma Petrobras 100% estatal, pela reestatização da Vale”, disse.

Já Dirceu Travesso, dirigente da Conlutas, colocou o golpe no marco da crise internacional do capitalismo. “O que está de fundo nesse golpe é a crise e a política econômica do imperialismo, levado a cabo por tratados como o TLC”, disse. Para ele, esse golpe difere dos anteriores, já que tem a condenação dos EUA. “Não podemos, porém, achar que o imperialismo mudou com Obama, eles não podem apoiar o golpe por causa da derrota da política de Bush”, explicou.

Travesso, que esteve recentemente em Honduras, protestou contra os ataques que a embaixada brasileira vem recebendo em Tegucigalpa, capital do país. Exigiu, porém, medidas mais veementes dos países contra os golpistas, como um amplo boicote comercial para estrangular a ditadura. Nesse sentido, atacou a política externa do Brasil que, enquanto dá abrigo a Zelaya em Honduras, mantém tropas de ocupação no Haiti.

“Enquanto estamos aqui agora há uma comissão de empresários visitando o Haiti, vendo oportunidades de explorar a mão de obra barata do país, que vive hoje sob ocupação das tropas da ONU lideradas pelo Brasil” denunciou o dirigente. “Honduras, Haiti, América Central, a luta contra o golpe é internacional”, entoou os manifestantes, que cantaram ainda, “Fora já, fora já daqui, o golpe em Honduras e Lula do Haiti”.

Um dia agitado na Paulista
Quem passou na tarde desse dia 2 pela Av. Paulista se deparou com vários protestos. Primeiro, no próprio vão do Masp, enquanto o ato contra o golpe se organizava, ocorria uma manifestação contra a guerra e o armamento nuclear. Era a versão brasileira da “Marcha pela Paz” ocorrida em 100 países segundo os organizadores. No Masp, o ato contou com a animação da Mancha Verde a Gaviões da Fiel, duas das maiores torcidas de São Paulo. Parte deles ficou também para o ato em solidariedade ao povo de Honduras.

Mais tarde, quando o protesto contra o golpe caminhava para o final, dezenas de estudantes apareceram em passeata protestando contra o vazamento da prova do Enem, que seria realizada no dia 4 e acabou sendo adiada. Os estudantes protestavam contra o ministro, Fernando Haddad, denunciando o descaso com a Educação.

E, para terminar, há poucos metros dali, na rua Augusta, as “mães de maio” protestavam contra a violência policial, aproveitando o lançamento do filme “Salve Geral”.