“Eu vim aqui. Vim resistir. Essa reforma é do FMI”

Logo cedo, uma maré humana começa a se concentrar em frente a Catedral. Colunas de sindicatos e bandeiras de todas as cores começavam a iam se misturando sob o sol escaldante do planalto.

Se iniciava uma das maiores, senão a maior manifestação do funcionalismo. Apesar e contra a direção majoritária de muitas entidades e movimentos, que, ou não moveram uma palha pela manifestação ou diretamente a boicotaram, como, por exemplo, a Apeoesp de São Paulo, os servidores deram uma lição de luta.

Apesar da aprovação, na calada da noite, da reforma em primeiro turno,o sentimento dos manifestantes não era de derrota ou desmoralização, mas de indignação. Queriam colocar pra fora toda sua raiva contra a traição que sofreram.

“Lulinha paz e amor quer ferrar trabalhador”

Tantas foram as palavras de ordem gritadas a plenos pulmões, mas a indignação com o partido que um dia foi seu, ganhava mais força nos pequenos cartazes feitos de próprio punho, por gente que viajou milhares de quilômetros.

“Lula escariotes”, dizia um pequeno cartaz nas mãos de um senhor de cabelos brancos, que não tinha cara de juiz nem de marajá e não vinha fazer lobby pelo teto do judiciário, mas defender o pouco conquistado com anos de trabalho. Por todos os lados, a palavra traição tomava distintas formas e sotaques, em coro ou como grito isolado.

A marcha fez um primeiro ato em frente ao Ministério da Previdência. Várias entidades tomaram a palavra. Em seguida, seguiu até a Praça dos Três Poderes, onde um forte aparato policial cercava o Palácio do Planalto: protegia Lula dos servidores que o elegeram.

“Ô Heloísa, vamos fazer, novo partido socialista acontecer”

Lá falaram sindicatos, parlamentares radicais que votaram contra a reforma, Zé Maria pelo PSTU e a senadora Heloísa Helena.

A deputada Luciana Genro disse que, se expulsa do PT, lutará para construir uma nova alternativa de esquerda para o país. Zé Maria, após defender as ocupações dos sem terra e sem-teto, exigir a liberdade de Zé Rainha, concluiu fazendo um chamado à unidade da esquerda socialista para construir um Novo Partido.

Post author João Ricardo Soares,
da redação
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