O ano de 2009 começa com mais uma tragédia anunciada: a morte do petroleiro William Robson Vasconcelos, 28 anos, na P-34, plataforma que opera no campo de Jubarte, a 130 quilômetros de Vitória (ES). O acidente ocorreu por volta das 23h15 de domingo, 4 de janeiro. O motivo apresentado pela Petrobrás foi uma falha numa válvula de bloqueio. De acordo com informações do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo, houve um vazamento de óleo e água. O material teria escapado com muita pressão. Ficaram feridos outros dois trabalhadores, Mário Alves de Souza e Marivaldo Pedro Alves de Souza. Os três eram empregados terceirizados, contratados pela empresa UTC Engenharia.

Em 2008, o primeiro acidente com mortes em unidades da Petrobrás aconteceria um pouco mais tarde, em fevereiro. Uma aeronave fez um pouso forçado no mar, causando a morte de cinco trabalhadores da Bacia de Campos (RJ). Em 23 de setembro, um incêndio na Estação de Tratamento de Óleo de Furado, em Alagoas, matou quatro pessoas, provocando grande indignação entre os petroleiros. Então, desde o início do ano, já eram 16 as mortes por acidente de trabalho.

Falta de investimentos em segurança, falta de treinamento adequado e precarização crescente do trabalho explicam a escalada de acidentes. Desde 2000 as estatísticas contabilizam em torno de 280 mortes, nas unidades da Petrobrás. Hoje em cada quatro petroleiros apenas um é empregado da companhia. Os demais são terceirizados, recebendo menos treinamento e trabalhando em condições ainda mais inseguras.

A cada novo acidente, a direção da Petrobrás repete a mesma ladainha: “as famílias estão sendo assistidas”, “vamos formar uma comissão técnica para apurar as causas”. Explicações vazias e nenhuma política concreta para reverter as estatísticas. Seria mais barato pagar indenizações do que investir em segurança? É bem possível que esse raciocínio frio, de quem se importa mais com cifras do que com vidas, esteja por trás da indiferença dos administradores da empresa, que não têm pudor em aumentar lucros, às custas de cortes de gastos com segurança.

Lula inaugurou extração do pré-sal na P-34
A plataforma P-34, onde ocorreu o acidente, foi batizada FPSO JK, em homenagem ao ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Em setembro do ano passado, o presidente Lula inaugurou nesta plataforma, em ato simbólico, a extração de petróleo na camada do pré-sal. A unidade tem capacidade para produzir 60 mil barris por dia. Este volume, no entanto, ainda não foi sido atingido. Atualmente, a plataforma está com produção na casa dos 40 mil, sendo 15 mil barris diários vindos de um poço perfurado abaixo da camada de sal. Outros quatro poços trazem o óleo encontrado acima do sal. O campo de Jubarte foi descoberto em 2001 e faz parte do Parque das Baleias, região ao norte da Bacia de Campos, com reservas estimadas em quatro milhões de barris.

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