15 de outubro é dia de sair às ruas para protestar!
No atual momento da crise econômica, a Europa tem sido destaque não só pelos ataques dos governos sobre as conquistas dos trabalhadores, mas também pelas mobilizações massivas contra esses ataques, nas quais se vêem muitos rostos jovens.
Semelhante ao verificado no mundo árabe, a juventude europeia tem sido ativa no combate a uma sociedade que não lhe permite mais nenhum futuro.

O que é o 15-O?
A Espanha é um dos países mais afetados pela crise. Em 2010, o desemprego superou 40% na população espanhola que tem entre 15 e 24 anos. Além disso, uma em cada quatro famílias não tem dinheiro para saldar suas dívidas no final do mês. Nesse quadro, as massas espanholas têm respondido com grandes atos desde o primeiro semestre.

Em maio, no dia 15, após uma manifestação que reuniu cerca de 20 mil pessoas nas ruas de Madri, alguns ativistas iniciaram um acampamento na praça Puerta del Sol, uma das principais da cidade. A repressão policial que se seguiu não afastou os ativistas, mas levou mais pessoas à praça. Esse dia ficou conhecido como 15-M (15 de maio).

Com o tempo, a expressão passou a identificar a articulação dos indignados espanhóis. O 15 de outubro ou
15-O é um chamado dos companheiros para que, desta vez, em todo o mundo, as pessoas saiam às ruas para protestar.

10% do PIB já pra educação e contra a corrupção!
No mundo todo, a juventude tem lutado contra ditaduras, como no caso dos jovens árabes; contra os planos de ajuste, como na Europa, ou contra a privatização da educação, como no Chile.

No Brasil, sem dúvida há muitos motivos para irmos às ruas também. É isso que demonstram as lutas em mais de 20 universidades contra a precariedade das condições de estudo e trabalho, assim como as movimentações contra a construção de Belo Monte e contra uma Copa do Mundo elitizada.

Além disso, o 15-O será um momento fundamental para o movimento estudantil pautar dois temas centrais: a corrupção, que desvia recursos das áreas sociais para o bolso de um punhado de corruptos, e o plebiscito a ser realizado em novembro em defesa de 10% do PIB para a educação, fruto de uma ampla articulação entre CSP-Conlutas, ANDES, ANEL, Esquerda da UNE, sindicatos de professores, MTST, sindicatos da Construção Civil de Fortaleza e de Belém, além de várias outras entidades e movimentos.

Democracia real, só com o fim do capitalismo
Estaremos nas ruas no 15-O junto com a juventude do mundo inteiro, mas não podemos deixar de fazer um debate estratégico, suscitado pelas propostas de uma das organizações que atua no movimento espanhol: a Democracia Real Ya ou Democracia Real Já (DRJ) em português.

Temos acordo parcial com algumas propostas da DRJ, mas possuímos uma discordância fundamental: tomado em conjunto, seu programa se inscreve nos marcos do capitalismo.
Junto do muito justo slogan “não somos mercadorias nas mãos de políticos e banqueiros”, convive uma concepção que não dá centralidade a um fato fundamental do sistema: trabalhadores e patrões têm interesses inconciliáveis, ou seja, estar de um lado significa estar contra o outro.

Por não terem essa visão, em várias assembleias espanholas os companheiros da DRJ taxaram propostas que se referiam a reivindicações da classe trabalhadora como “exclusivistas”. Isso é coerente com um programa que prevê um arco de alianças que, na Espanha, chega até o empresariado exportador. Mas não tem sentido entre os que defendem o socialismo. Por isso, consideramos um erro a pura e simples adoção do programa da democracia real, como fazem setores do PSOL.

Para o PSTU, não é possível que a maioria governe sem derrotar o capitalismo: é justamente porque nossa sociedade é comandada pelos ricos que as necessidades dos trabalhadores e de seus filhos não são atendidas.
Post author Israel Luz, da secretaria nacional de juventude do PSTU
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